domingo, 29 de dezembro de 2013

Ms. 45 (EUA, 1981)


Filme: Ms. 45 / Angel of Vengeance / Sedução e Vingança
Diretor: Abel Ferrara
Ano: 1981
País: Estados Unidos
Duração: 80 minutos
Elenco:  Zoë Lund, Albert Sinkys, Darlene Stuto
IMDb: 6,8

Thana é uma jovem tímida e muda que trabalha para um estilista. Por onde passa, ela e as amigas são agredidas verbalmente pelos homens. Até que, certo dia após o trabalho, é surpreendida em um beco e a agressão vai muito além da habitual, quando é estuprada por um sujeito. Muito abalada ela chega em casa e como se já não bastasse a terrível experiência pela qual acabara de passar, é estuprada novamente!


Mas desta vez ela consegue reagir, golpeando o homem e o matando com um ferro de passar. A imagem do primeiro agressor vêm à sua mente e rapidamente ela vai se transformando. Friamente ela corta o corpo do homem em pedaços e vai largando pela cidade enquanto vai se tornando uma justiceira, uma versão feminina do Charles Bronson, matando os homens que tentam abusar dela ou de outras mulheres. Com o restante do corpo de sua primeira vítima Thana coloca no moedor de carne e o oferece para o cachorro da vizinha.


A aparentemente tímida e frágil mulher se transforma em uma femme fatale fria, que se veste para atrair e caçar homens, afinal, as mulheres ainda chamam a atenção principalmente pela aparência. Ela passa a odiar qualquer homem, seja ele um agressor ou não.


< Cuidado, Spoilers >

O chefe de Thana tenta se aproveitar dela e a convida para uma festa à fantasia. Ela aceita pensando em vingança e vai vestida de freira. Na festa ela atrai a atenção masculina e, quando é convidada para ir com o chefe ao quarto, ela inicia por este sua vingança final, mirando e matando todos os homens do local com sua .45 de balas infinitas. Cena esta enfatizada por uma câmera lenta, como já feito no Thriller: A Cruel Picture.


Finalmente ela é apunhalada por uma das mulheres e, ao vê-la, Thana, incapaz de atirar, agora tem voz e fala: "irmã" (e não poderia estar melhor trajada para esta situação) e então morre. 

< Fim dos Spoilers >

Ms. 45 (Sedução e Vingança no Brasil) é mais um filme do chamado rape/revenge, cuja premissa é a vingança de mulheres abusadas sexualmente, onde os principais representantes são o sueco Thriller: A Cruel Picture (1973) e A Vingança de Jennifer (I Spit on Your Grave, 1978). Mostra a violência sofrida diariamente por muitas mulheres, desde o abuso por olhares, piadas e propostas dos próprios familiares ou chefes, até a agressão extrema do estupro, algo assustador e que, infelizmente, não é apenas ficção. Ainda é normal e triste vermos a mulher sendo classificada pela sua imagem, deixando de lado suas capacidades, como sendo apenas um objeto para satisfazer os homens. No filme, não trata-se da disputa entre o bem e o mal. Thana, cansada disto e abalada por tudo que sofrera, quer vingança e acaba vendo em todo homem um inimigo. 

A atriz e também modelo e música Zoë Tamerlis Lund, também atuou com Ferrara em Vício Frenético (Bad Lieutenant, 1992), onde também participou como roteirista. Ela faleceu em 1999 com 37 anos, devido à cocaína.

O filme Machete (2010), provavelmente presta uma homenagem à Ms. 45 na cena em que Lindsay Lohan aparece armada e vestida de freira.

Ms. 45 foi o terceiro filme de Abel Ferrara, com um orçamento superior aos anteriores O Assassino da Furadeira (Driller Killer, 1979), protagonizado pelo próprio Ferrara e o pornô Nove Vidas de Uma Gata Molhada (9 Lives of a Wet Pussy, 1976), seu primeiro longa metragem.

domingo, 15 de dezembro de 2013

The Burning Moon (Alemanha, 1997)

Filme: The Burning Moon / Lua Sangrenta
Diretor: Olaf Ittenbach
Ano: 1997
País: Alemanha
Duração: 99 minutos
Elenco: Beate Neumeyer, Bernd Muggenthaler, Ellen Fischer, Olaf Ittenbach
IMDb: 4,7

The Burning Moon (Lua Sangrenta, no Brasil) é um filme composto por três segmentos. O principal, que liga os outros dois conta a história de um jovem metido a rebelde que não se dá muito bem com a família (interpretado por Olaf Ittenbach). Após participar de uma violenta briga de gangues, ele precisa tomar conta da irmã menor enquanto os pais não estão em casa. 


Após se drogar ele vai ao quarto da irmã para contar umas histórias um pouco impróprias para crianças. A primeira história é Amor de Júlia. Neste conto, um assassino, após ter a medicação suspensa, escapa da clínica psiquiátrica matando todos que cruzam seu caminho. Ele logo conhece Julia e marca um encontro com ela. Mas ela descobre que ele é o assassino foragido e escapa enquanto ele a deixa sozinha no carro. Porém, a tonta esquece a carteira no carro e naturalmente ele vai à casa dela. Sem cerimônias ele vai matando os familiares de Júlia, cortando braços e os degolando, promovendo uma grande carnificina no  recinto, com direito a um facão atravessando a cabeça do pai, a cabeça da mãe sendo serrada, um corpo incinerado e a ingestão de um olho, descendo pelo cano da garganta. Tudo isso para compensar a história rasa, cujo final é bobo e ela naturalmente consegue se safar.



A segunda história é A Pureza, onde um padre tem o hábito de estuprar e matar pessoas, realizando seus rituais satânicos purificadores enquanto os crimes são atribuídos a Justuz, um inocente trabalhador. Os homens da região pagam um assassino para matar Justuz e ele realiza o trabalho brutalmente. À noite, Justuz volta a vida para trazer o horror do inferno ao seu assassino. Esta longa sequencia final já vale o filme todo. O inferno é retratado como um lugar onde pessoas mutiladas e repugnantes torturam e matam umas às outras. Em meio aos gritos de sofrimento vemos tripas expostas sendo devoradas, corpos mutilados, partidos ao meio e cabeças esmagadas. É neste ambiente que o assassino é brutalmente torturado, tendo o olho arrancado por uma furadeira manual, a barriga aberta e os órgãos retirados e, por fim, é acorrentado pelos pés e esticado até que os membros sejam violentamente rasgados do corpo. 



Esta bela sequência final fará a alegria dos apreciadores de efeitos gore práticos, criativos, mas muito funcionais. Imagino que boa parte do reduzido orçamento deve ter sido gasta neste final épico.

Para terminar o filme, após contar esta bela história para a irmãzinha, ele tem a certeza de que ela irá dormir por um bom tempo em um desfecho que não tem nada politicamente correto.


Burning Moon é mais uma pérola do cinema extremo/trash/gore alemão, produzida em 1997, mesmo ano de Premutos, a outra obra de Olaf Ittenbach. As atuações são "primorosas", vários dos atores participam dos diferentes segmentos, e o roteiro não é o ponto forte. Mas esta tosquice dá um charme a mais e só aumenta a diversão banhada por litros e mais litros de sangue falso, tripas e esquartejamentos. Uma ótima inspiração para quem quer fazer filmes sangrentos e baratos.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Premutos - Der Gefallene Engel (Alemanha, 1997)


Filme: Premutos - Der Gefallene Engel / Premutos: The Fallen Angel, Premutos, El Ángel Caído / Premutos: Lord of The Living Dead
Diretor: Olaf Ittenbach
Ano: 1997
País: Alemanha
Duração: 106 minutos
Elenco:  André Stryi, Christopher Stacey, Ella Wellmann, Olaf Ittenbach

Premutos foi o primeiro anjo caído a ir contra Deus, antes mesmo de Lúcifer. De tempos em tempos ele volta a Terra em carne e osso com seu exército de mortos-vivos para dominar a humanidade, espalhando doenças, ódio, pragas, pecados e mortes. O filme começa com estes dizeres em meio a um massacre na Índia durante a Idade Média. Logo de cara uma cabeça é decepada de uma forma cômica e Monty Pythonesca, o que nos faz concluir que estamos nos deparando com uma comédia. Uma comédia, mas com MUITO gore. Neste massacre, corpos e membros são rasgados como trapos. Um filho de Premutos literalmente reencarna, juntando pedaços de corpos a um esqueleto até ganhar a forma de um homem. Este homem é apunhalado e morre, mas retornará!

Centenas de anos depois, em 1942, somos transportados para um vilarejo onde um homem chamado Rudolf escava corpos no cemitério buscando a fórmula de vida eterna para a sua esposa enferma. Ele é caçado pelos homens da vila que encontram em seu porão montes de corpos decompostos. Os mortos voltam à vida e atacam os caçadores. Isso só faz aumentar a ira dos homens que vão atrás de Rudolf, enquanto este encontra o antigo livro que procurava, uma espécie de Necronomicon. Neste momento é surpreendido por um homem e, para livrar-se dele, crava-lhe uma pá na cabeça. 



Em casa, Rudolf prepara a receita para reavivar a mulher. Quando ela toma a milagrosa gemada, a mulher levanta como um zumbi, cuspindo sangue (lembrando do Exorcista) e arrancando a pele de seu rosto e explodindo em seguida. É quando sua casa é invadida pelos homens em busca de justiça. Após algumas trapalhadas e mortes acidentais, os homens acertam milhares de tiros em Rudolf e queimam a sua casa.

Justiça feita pula-se mais alguns anos até a Alemanha contemporânea. Conhecemos Mathias (interpretado pelo diretor Olaf Ittenbach), um jovem desastrado que sempre que dorme ou perde a consciência (o que acontece facilmente), de alguma forma, tem a visão das aparições de Premutos em diferentes épocas. 



Sei pai, Walter, um militar maluco, que mata moscas com tiros de espingarda, desencava o tal livro do Premutos juntamente com aquelas poções e os leva para casa. 
Mathias, pra variar, acaba levando um chute no saco durante uma partida de futebol. Quando vai para casa repousar, se depara com o livro do Premutos e começa a lê-lo enquanto ocorre a festa de aniversário de seu pai com alguns poucos convidados, incluindo Hugo, um homem aparentemente covarde que é insultado pela mulher (ou ex-mulher, sei lá) que fica depreciando-o enquanto dá em cima do outro amigo bêbado.

Enquanto Mathias vai lendo o livro e pegando no sono, ele vai visualizando suas vidas passadas como filho de Premutos em suas tentativas frustradas de trazer o seu pai. Estas passagens soltas vão compondo uma colcha de retalhos e passam a ficar mais interessantes que a realidade, enquanto a chatíssima festa ocorre. Numa destas visões, ele vê a crucificação de Cristo, que renasce com o milagroso líquido amarelo.

Mathias, desastrado como é, deixa um dos vidros com o líquido amarelo cair no saco. Isto é o suficiente para mais um retorno de Premutos, que parece invocar os mortos para matar os vivos. Mathias morre no sofá ao ser enrolado e dilacerado por arames e tubos de metal que parecem criar vida.

Os zumbis passam a surgir de todos os lugares possíveis invadindo e animando a festinha (lembraram do Fome Animal?). Como em A Noite dos Mortos Vivos, eles vão para o porão e bloqueiam as entradas. Felizmente, como Walter é um militar alucinado, tem um arsenal no porão e, como no filme de Romero, há uma pessoa altamente irritante que ajuda mais morta do que viva. É o que ocorre com a mulher xarope. Neste momento Hugo, o até então fraco e submisso, torna-se um verdadeiro badass matador de zumbis com uma pontaria infalível. A carnificina come solta e empilham-se muitos corpos com a munição infinita a qual dispõem. A longa sequencia final chega a cansar por tantas mortes, muitas delas pouco inspiradas ou criativas. 




O final é bastante sangrento, com direito a motosserra e machado, enquanto os zumbis não param de aparecer formando uma contagem de corpos astronômica que é revelado no final: Body Count = 139.

Surge então Mathias, como a nova encarnação do filho de Premutos, mas, como sempre é facilmente eliminado, quer dizer, facilmente quando se tem um tanque de guerra em casa. Ele volta a se formar a partir de outros corpos e está pronto para matar todos e escravizar a humanidade! Por sorte, ele pisa em um skate e Hugo o explode com uma granada. Mais uma aparição frustrada de Premutos e, como sempre, o mundo está a salvo novamente.





Feito o serviço duro, o casal que sobra tem um destino inusitado, mas não menos divertido.

Muitas vezes a definição do que pode ser classificado como trash é confusa. Mas não há melhor forma de enquadrar Premutos como um filme totalmente trash. O filme é de baixo orçamento, as atuações são pavorosas e a carnificina é generalizada. Se isto não bastasse, a versão dublada para o inglês é horrorosa, no melhor estilo Tela Class, totalmente fora de sincronia. O filme todo deve ter sido dublado por poucas pessoas, pois um mesmo dublador faz as falas de várias pessoas, inclusive imitando vozes de mulher. Na cena do jogo de futebol, parece que a dublagem foi gravada dentro de um banheiro. Além disso, outra coisa que reforça o nível trashístico do filme é a sonoplastia fajuta dos tiros e ferimentos de espada.
Quanto a história, acaba sendo bastante confusa e o filme é mais longo do que deveria, com mais de 100 minutos. Porém, o nível amador do filme (que também acaba divertindo) é compensado por efeitos gore nojentos e até bem feitos. Garantia  de cabeças e membros decepados, tripas expostas e muito sangue e diversão.

Assim como Jörg Buttgereit, Olaf Ittenbach é um dos grandes nomes do gore alemão, sendo além de diretor, o responsável pelos sangrentos efeitos especiais. Premutos é o seu segundo filme, antecedido por Black Past (1989), e sucedido por Burning Moon. Todos muito sangrentos e com a atuação de Ittenbach. 

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Bem, jovens, mais um post chegando ao fim e espero que tanto este quanto os anteriores tenham sido interessantes para alguém. Sei que não sou um grande crítico ou conhecedor de cinema, mas gosto do assunto e tenho conseguido aprender um pouco mais pesquisando, escrevendo para o blog e claro, assistindo filmes. Espero ir melhorando as resenhas com o tempo. Fiquem à vontade para comentar o que estão achando do blog e o que pode ser melhorado.
Valeu!

domingo, 20 de outubro de 2013

Anthropophagus (Itália, 1980)

Filme: Anthropophagus
Diretor: Joe D'Amato
Ano: 1980
País: Itália
Duração: 90 minutos
Elenco: Tisa Farrow, Saverio Vallone, Serena Grandi, George Eastman
IMDb: 5,3



Um casal de alemães está em uma praia deserta na Grécia. A mulher vai para o mar enquanto o cara fica fritando no sol de sapatos e calça jeans com seus fones de ouvido gigantescos. Ela avista um barco vazio no mar e nada até lá para averiguar. Lá ela é atacada e puxada para baixo d'água, fazendo jorrar seu sangue vermelho têmpera na água. 
Em seguida, temos a visão do assassino que vai em direção ao homem e lhe crava um cutelo na cabeça nos dando esperança de muito sangue e nojeiras.



A seguir nos é apresentado um grupo de amigos que alugam um barco para conhecer o arquipélago grego. Julie (Tisa Farrow) acaba ouvindo a conversa e pede uma carona de barco até a casa de amigos, em uma das ilhas. 

Ao chegarem na ilha, vêem que todas as casas e ruas estão abandonadas, com exceção de uma misteriosa mulher.  Enquanto isso, a mulher do grupo que está grávida fica no barco com outro amigo. Ele vai pegar um balde de água para ela, e quando joga o balde ao mar, é puxado pelo assassino anfíbio. A grávida, não obtendo resposta do mesmo, puxa o balde e se depara com a (tosca) cabeça do cara e é arrastada pelo assassino em seguida. O barco é solto e se afasta, deixando todos presos na ilha.


Quando estão todos na casa dos amigos de Julie para passar a noite, surge uma garota cega de dentro de um barril de vinho (parecendo a Carrie) apunhalando um deles. Ela é a garota a qual Julie tomava conta, e parece ter sido a única sobrevivente. Ela é capaz de sentir o cheiro de sangue do assassino quando este se aproxima. Basta o terrível homem entrar na casa que ela já sente o perigo. Finalmente vemos o rosto demente do assassino, que não é novidade para ninguém que tenha visto o pôster do filme. Ele tem o rosto queimado e melequento e logo mata um dos amigos mordendo seu pescoço como um animal. 


Aqueles que conseguem escapar, por sorte, acabam indo parar na casa de uma família que havia sofrido um acidente com o iate, restando apenas a irmã (que é aquela mulher misteriosa), que ficou maluca após o ocorrido. Na casa encontram o diário desta mulher, onde ela conta sobre as mortes dos habitantes da ilha. 

Enquanto isso a mulher grávida é encontrada e socorrida pelo seu marido em um local que parece a dispensa do canibal, onde estão os restos dos habitantes. Mas são surpreendidos pelo assassino que no instante tem uma lembrança daquele acidente, onde ele supostamente teria morrido com a família. Na situação ele estava em um bote com a esposa e o filho e tenta matar o filho para alimentar-se, mas a esposa não permite e acaba sendo atingida, deixando-o enlouquecido e esfomeado, comendo (literalmente) toda a população do local. 
Lembrando deste acontecimento, ele arranca o feto do ventre da grávida e o come um saboroso petisco.


As mulheres que restam são perseguidas e trancam-se no sótão. O assassino invade pelo telhado, arrancando o escalpo e mordendo o pescoço de uma delas, mas cai quando atingido por uma picareta que estava bem à mão no sótão. Naturalmente ele não é encontrado no chão e quando está prestes a atacar Julie, leva outra picaretada, agora na barriga, saindo as suas tripas. E, como bom antropófago que ele é, previsivelmente ele acaba fazendo das próprias tripas, a sua última refeição. O que também não é muita novidade pra quem já viu o pôster do filme.



O filme é considerado polêmico e foi banido em alguns países e incluído na lista de filmes Video Nasty, principalmente em virtude  das cenas de autofagia e ingestão do feto, que foram removidas em alguns países, tirando boa parte da essência do filme. Na época, Joe D'amato chegou a ser acusado de usar um feto real, que na verdade era um coelho sem a pele. 

Anthropophagus é bastante incoerente (como um homem comeria todos habitantes da ilha?), cheio de situações convenientes e falhas, mas tem seus méritos. Vale pelo sangue e a polêmica que gira em torno dele, embora, acho que poderia ser mais sangrento. Mas, considerando a vontade de fazer filme de D'amato mesmo com orçamentos reduzidos e a forma que foram apresentados os temas tabus como o aborto e o canibalismo, fazem deste um filme respeitável e merecedor de ser assistido.

George Eastman, que teve uma boa atuação como o canibal Nikos, escreveu o roteiro junto com D'amato. Tisa Farrow, a irmã de Mia Farrow (O Bebê de Rosemary), também participou do clássico Zombie, de Lucio Fulci.

O filme também é conhecido por diversos títulos, dependendo do país onde foi lançado:
  • Anthropophagous, na França;
  • Anthropophagous: The Beast, no Reino Unido;
  • The Grim Reaper, versão americana censurada;
  • Anthropophagus: The Grim Reaper, versão americana sem cortes, lançada em DVD;
  • Man Eater, na Alemanha.


Em 1981, D'Amato dirigiu Absurd, também conhecido como Zombie 6: Monster Hunter, que é chamado de uma continuação para Anthropophagus, também com a atuação de Eastman. Também em 1981, D'Amato e  Eastman fizeram o Porno Holocaust.
Em 1999 o diretor alemão Andreas Schnaas fez um remake chamado Anthropophagous 2000.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Nekromantik 2 (Alemanha, 1991)

Filme: Nekromantik 2
Diretor: Jörg Buttgereit
Ano: 1991
País: Alemanha
Duração: 104 minutos
Elenco:   Monika M., Mark Reeder, Lena Braun
IMDb: 5,2


Nekromantik 2 inicia com a frase "Eu quero dominar a vida e a morte." do assassino em série Theodore Bundy.
Após, são repetidas em preto e branco as últimas cenas do primeiro filme com uma nova versão da música tema. Ao invés dos sintetizadores, é um piano que dá o tom às cenas do filme. 

A seguir, vemos que a cena final, onde uma pá é cravada sob o túmulo de Rob, na verdade não se tratava de Betty, e sim de Monika, uma enfermeira e também necrófila em potencial e obcecada por Rob e sua história de vida, ou morte.

Ela desenterra tranquilamente o cadáver, em plena luz do dia e o leva para casa. O morto, que por sinal não se parece muito com Rob, tem o aspecto esverdeado e gosmento e tem melhor sorte morto do que vivo. 


Na privacidade do seu lar ela pode desfrutar e saborear de sua nova companhia em uma cena utilizando o mesmo efeito de câmera do primeiro filme durante a transa do trio. Enquanto isso, Betty vai ao cemitério e não encontra Rob.

Além do relacionamento com o cadáver de Rob, o triângulo amoroso é completado por Mark, cuja profissão é dublador de filmes pornôs (?). Porém, com uma queda para Rob, que Monika lembra quando está com Mark.


Depois de aproveitar a companhia de Rob, inclusive o vestindo como se fosse uma pessoa normal, o mesmo começa a se decompor e Monika o serra em pedaços, devolvendo-o em sacos plásticos à sua cova. Mas guarda como recordação a sua cabeça e em um prato na geladeira, o seu pênis.

Frio mas companheiro

Monika parece participar de um clube de mulheres perversas, que assistem vídeos de animais sendo mortos e escalpelados, com a cabeça de Rob na mesa junto com as guloseimas. 

Pratos frios
O filme, mesmo que desenvolva melhor a história que o primeiro, acaba por momentos sendo bastante parado e até cansativo, com poucos diálogos, sendo que as primeiras falas se pronunciam quase aos 20 minutos do filme. A aparência amadora do primeiro filme dá um aspecto mais trash, enquanto esta sequencia, mais bem acabada e filmada, acaba pretendendo ser mais artística. 

< Spoilers >
Se aguentarmos os longos e parados minutos, desta vez com mais foco para a relação "normal" de Monika (talvez esta lentidão seja comparada ao tédio de Monika com esta relação) , somos recompensados nos momentos finais, quando, durante o ato sexual entre Mark e Monika, esta o ataca serrando e arrancando a sua cabeça, que espirra muito sangue, em uma das melhores e mais impactantes cenas do filme. 

A seguir ela substitui a cabeça recém arrancada de Mark pela de Rob, criando um ser híbrido e para ela, completo. Assim ela continua a transa com seu novo amante perfeito, agora a deixando realizada. Ao meu ver, esta cena final é ainda melhor e mais bem feita que a do filme original, e tão impactante quanto.

Este final lembra, de certa forma, o primeiro trabalho de Alejandro Jodorowski, o curta A Gravata (Le Cravate), de 1957, baseado no conto As Cabeças Trocadas (1940) do romancista Thomas Mann. Neste curta, uma mulher troca as cabeças de homens afim de obter a melhor combinação cabeça/corpo.

< Fim dos spoilers >




Se o primeiro Nekromantik foi feito em 1987, na até então Alemanha Ocidental, esta sequencia de 1991 se deu após a queda do muro de Berlin. Neste tempo, Jörg Buttgereit havia feito anteriormente, em 1990, Der Todesking, com atuação de Mark Reeder. Monika K também veio a fazer outro filme de Buttgereit, Schramm, de 1994.

domingo, 29 de setembro de 2013

Nekromantik (Alemanha, 1987)

Filme: Nekromantik
Diretor: Jörg Buttgereit
Ano: 1987
País: Alemanha
Duração: 75 minutos
Elenco:  Bernd Daktari Lorenz, Beatrice Manowski, Harald Lundt 

Rob tem um emprego não muito convencional. Ele faz parte de uma empresa que faz limpeza em acidentes, removendo o sangue e o que sobrou dos corpos. Logo no início, começando bem o filme, ele e sua equipe já mostram serviço, após nos ser apresentado um acidente de carro, em que um corpo é cortado ao meio, ficando com as tripas expostas.


Mas Rob realmente trabalha com o que gosta, e leva o próprio trabalho para casa. Ele coleciona os restos humanos em sua casa, e tem seu mórbido gosto compartilhado com sua namorada Betty, que tem o saudável hábito de tomar banhos com sangue na banheira.


Certo dia ele encontra um corpo em decomposição em um pântano e o leva para casa. Com o novo souvenir o casal pratica uma sessão de necrofilia, inclusive adaptando um pedaço de madeira como o membro do amigo decomposto, acompanhado de uma música e câmera lisérgica, certamente tornando esta uma das mais bizarras e surreais cenas de um ménage à trois já vistas no cinema.

Instalando o novo acessório

Beijoca
Detalhe pra foto ao fundo

Enquanto Rob está no trabalho, Betty fica em casa lendo e se divertindo com o que restou do novo amante. Rob acaba perdendo o emprego e consequentemente Betty o deixa, mostrando ser uma "Maria defunto" mais interessada nos brindes trazidos por Rob do que por ele mesmo. Ela o deixa e leva morto consigo.

Para todos os gostos

Tristonho

Naturalmente Rob passa por maus momentos. Realmente não deve fácil ser trocado por outra pessoa, quem dirá alguém morto. Ele tenta suprir a falta de ambos primeiramente com o sangue de um gato morto, usado como essência para o seu banho. Mas isto não o satisfaz, ele precisa da morte para se sentir vivo, como quando está com uma prostituta em um cemitério, só conseguindo excitar-se após matá-la. Detalhe para a cena seguinte em que é surpreendido pelo coveiro, que tem sua cabeça cortada horizontalmente ao meio com uma pá, lembrando muito o Bad Taste de Peter Jackson, também de 1987.



Durante o filme, são exibidas cenas de um coelho agonizando enquanto é morto e dilacerado. Imagino que estas cenas não foram inseridas à toa, apenas para chocar, mas podem fazer um paralelo com o fetiche dos protagonistas e remetem à frase de V.L. Compton que inicia o filme: "O quê vive que não vive da morte de outros?"

O final é memorável e bizarro, onde Rob leva seus desejos aos limites mais extremos, sacrificando-se, através de uma facada na barriga, e conseguindo assim uma sangrenta ereção de seu pênis mequetrefe de borracha/plástico, enquanto é retrocedida a morte do coelho até o momento que está vivo. Desta forma, ele volta a ser notado por Betty, pelo menos é a impressão que passa ao vermos a cena que encerra a exibição.


Nekromantik é um filme único, retratando o amor, a morte, relacionamentos baseados em interesses, de uma forma nunca antes vista. Certamente pode ser considerado repulsivo, perturbador, imoral e doentio por muitos, por isto, não é para qualquer público. Tanto que sofreu muito com a censura, sendo proibido em muitos países, inclusive até hoje, fato pelo qual, o rendeu o status de filme cult. Para os já iniciados na vertentes mais extremas do horror, talvez não tenha tanto impacto, mas algumas cenas certamente ficarão na memória.

Jörg Buttgereit, defunto e Bernd Daktari Lorenz
A música tema, feita por sintetizadores, é interessante e marcante, mas um pouco cansativa, já que é repetida várias vezes durante o filme. Em nível de referência musical, também vale citar que o filme é homenageado pela banda de gore/grind patológico Haemorrhage, da Espanha, que coloca o tema do filme na introdução do seu primeiro CD, Emetic Cult, de 1995. Banda que por sinal tem muito a ver com o tema abordado no filme.

Nekromantik tem apenas 75 minutos e foi o primeiro longa de Jörg Buttgereit, que continuou retratando a morte nos filmes seguintes. Ainda em 1987 fez Corpse Fucking Art, um documentário sobre Nekromantik, em 1990, Der Todesking, em 1991 viria a sequencia de seu primeiro filme em Nekromantik 2 e em 1994, Schramm. Todos eles escritos juntamente com Franz Rodenkirchen.

domingo, 22 de setembro de 2013

Alucarda, La hija de las tinieblas (México, 1977)

Filme: Alucarda, La hija de las tinieblas / Alucarda
Diretor: Juan López Moctezuma
Ano: 1977
País: México
Duração: 85 minutos
Elenco:  Claudio Brook, David Silva, Tina Romero
IMDb: 6,0

Alucarda (Tina Romero) é enviada para um convento logo após sua mãe lhe dar a luz e morrer por forças do mal em uma capela.

15 anos depois, no convento cuja aparência é de uma sinistra caverna, as freiras aparentam usar trapos brancos ensanguentados, como múmias de saia, que mais adiante entenderemos do que se trata. Diferente delas, Alucarda, como boa filha das trevas que é, traja suas descoladas roupas pretas. 

Justine (Susana Kamini), uma jovem inocente, chega ao convento e logo torna-se amiga de Alucarda, e rapidamente a relação vai além de uma simples amizade. Elas vão àquela capela abandonada onde Alucarda nascera e abrem um caixão. Depois disso Alucarda passa a ouvir vozes das trevas. Mal conhecendo Justine, Alucarda já declara seu amor à ela e, com seus corpos nus, fazem um pacto de sangue transmitindo seu espírito satânico à Justine em meio à curiosa figura de um cigano corcunda que surge do nada (diabo?), gerando uma bela chuva de sangue, décadas antes do remake de Evil Dead repetir o feito ou anos antes do Slayer e seu Raining Blood.





Vemos cenas que contrastam o sofrimento e auto-flagelação (o motivo das roupas ensanguentadas) das freiras com a liberdade sexual e prazer do ponto de vista contrário à religião, ambas retratadas de forma um pouco exagerada.


Em uma missa, as duas confrontam a madre superior, questionando deus e suas regras. A primeira ação das freiras é puni-las. Alucarda é obrigada a confessar-se ao padre e diz que ama e valoriza uma vida livre, sem se privar de prazeres, ao contrário dele, que vive baseando-se na morte, fundamentando sua vida no medo, privação e castigo.

Ambas são amarradas em cruzes e é realizado um ritual de exorcismo. Neste procedimento acabam matando Justine. O Dr. Oszek (Claudio Brook, que também interpreta o cigano) intervém, e como homem da ciência, reprova estes atos desumanos, afirmando ser uma demonstração de ignorância e abriga Alucarda em sua casa. 
Há o confronto entre ciência e religião e o médico busca através da razão explicar os fenômenos. Mas, como a ciência nem sempre explica tudo, o médico, infelizmente, ao ver a cabeça de uma freira morta continuar movendo-se, alia-se aos religiosos para impedir que Alucarda possua a sua filha.


Na capela encontram Justine nua e banhada em sangue dentro de um caixão. Ela ataca uma das freiras fazendo jorrar muito sangue de seu pescoço. Não encontrando Alucarda no local, voltam ao convento.



< Spoilers >

O final é marcado pelo convento em chamas vindo abaixo enquanto as freiras correm desesperadas de um lado pra outro, muita gritaria, crucifixos em chamas e Alucarda, assim como a imagem de cristo, desaparecendo. 


< Fim dos Spoilers >

O filme foi uma adaptação livre de Carmilla, um conto de ficção gótica escrito pelo irlandês Joseph Sheridan Le Fanu e publicado na revista Dark Blue entre 1871 e 1872. Tratava-se de um história de vampirismo e erotismo e foi muito influente, até mesmo para Bram Stoker ao escrever Drácula em 1897 e teve também várias adaptações cinematográficas. 

O diretor Juan Lopez Moctezuma chegou a ser colaborador de Alejandro Jodorovski nos filmes Fando e Lis e o clássico cult El Topo. Seu primeira produção como diretor foi The Mansion of Madness, baseado em Edgar Allan Poe.

Alucarda aborda temas controversos e polêmicos, como possessão demoníaca, críticas religiosas, lesbianismo, ainda mais considerando a época em que foi produzido. É um clássico do cinema de horror e exploitation, podendo ser considerado de certa forma como um nunsploitation, subgênero do exploitation que transgredia os valores e a repressão sexual da igreja católica, com histórias passadas em conventos, repletas de erotismo envolvendo as freiras.

No geral é um bom filme, com boa fotografia interessante. Foi rodado em 1975 no México e nos Estados Unidos e uma curiosidade é que o filme foi falado originalmente em inglês, e depois dublado em espanhol para o lançamento mexicano.

Em 2010 foi lançado o filme Alucardos - Retrato de um vampiro, um documentário sobre dois fãs de Alucarda que tiram Moctezuma do hospital psiquiátrico que estava internado por sofrer de esquizofrenia e mal de Alzheimer, e o ajudam a relembrar de suas obras.