domingo, 20 de outubro de 2013

Anthropophagus (Itália, 1980)

Filme: Anthropophagus
Diretor: Joe D'Amato
Ano: 1980
País: Itália
Duração: 90 minutos
Elenco: Tisa Farrow, Saverio Vallone, Serena Grandi, George Eastman
IMDb: 5,3



Um casal de alemães está em uma praia deserta na Grécia. A mulher vai para o mar enquanto o cara fica fritando no sol de sapatos e calça jeans com seus fones de ouvido gigantescos. Ela avista um barco vazio no mar e nada até lá para averiguar. Lá ela é atacada e puxada para baixo d'água, fazendo jorrar seu sangue vermelho têmpera na água. 
Em seguida, temos a visão do assassino que vai em direção ao homem e lhe crava um cutelo na cabeça nos dando esperança de muito sangue e nojeiras.



A seguir nos é apresentado um grupo de amigos que alugam um barco para conhecer o arquipélago grego. Julie (Tisa Farrow) acaba ouvindo a conversa e pede uma carona de barco até a casa de amigos, em uma das ilhas. 

Ao chegarem na ilha, vêem que todas as casas e ruas estão abandonadas, com exceção de uma misteriosa mulher.  Enquanto isso, a mulher do grupo que está grávida fica no barco com outro amigo. Ele vai pegar um balde de água para ela, e quando joga o balde ao mar, é puxado pelo assassino anfíbio. A grávida, não obtendo resposta do mesmo, puxa o balde e se depara com a (tosca) cabeça do cara e é arrastada pelo assassino em seguida. O barco é solto e se afasta, deixando todos presos na ilha.


Quando estão todos na casa dos amigos de Julie para passar a noite, surge uma garota cega de dentro de um barril de vinho (parecendo a Carrie) apunhalando um deles. Ela é a garota a qual Julie tomava conta, e parece ter sido a única sobrevivente. Ela é capaz de sentir o cheiro de sangue do assassino quando este se aproxima. Basta o terrível homem entrar na casa que ela já sente o perigo. Finalmente vemos o rosto demente do assassino, que não é novidade para ninguém que tenha visto o pôster do filme. Ele tem o rosto queimado e melequento e logo mata um dos amigos mordendo seu pescoço como um animal. 


Aqueles que conseguem escapar, por sorte, acabam indo parar na casa de uma família que havia sofrido um acidente com o iate, restando apenas a irmã (que é aquela mulher misteriosa), que ficou maluca após o ocorrido. Na casa encontram o diário desta mulher, onde ela conta sobre as mortes dos habitantes da ilha. 

Enquanto isso a mulher grávida é encontrada e socorrida pelo seu marido em um local que parece a dispensa do canibal, onde estão os restos dos habitantes. Mas são surpreendidos pelo assassino que no instante tem uma lembrança daquele acidente, onde ele supostamente teria morrido com a família. Na situação ele estava em um bote com a esposa e o filho e tenta matar o filho para alimentar-se, mas a esposa não permite e acaba sendo atingida, deixando-o enlouquecido e esfomeado, comendo (literalmente) toda a população do local. 
Lembrando deste acontecimento, ele arranca o feto do ventre da grávida e o come um saboroso petisco.


As mulheres que restam são perseguidas e trancam-se no sótão. O assassino invade pelo telhado, arrancando o escalpo e mordendo o pescoço de uma delas, mas cai quando atingido por uma picareta que estava bem à mão no sótão. Naturalmente ele não é encontrado no chão e quando está prestes a atacar Julie, leva outra picaretada, agora na barriga, saindo as suas tripas. E, como bom antropófago que ele é, previsivelmente ele acaba fazendo das próprias tripas, a sua última refeição. O que também não é muita novidade pra quem já viu o pôster do filme.



O filme é considerado polêmico e foi banido em alguns países e incluído na lista de filmes Video Nasty, principalmente em virtude  das cenas de autofagia e ingestão do feto, que foram removidas em alguns países, tirando boa parte da essência do filme. Na época, Joe D'amato chegou a ser acusado de usar um feto real, que na verdade era um coelho sem a pele. 

Anthropophagus é bastante incoerente (como um homem comeria todos habitantes da ilha?), cheio de situações convenientes e falhas, mas tem seus méritos. Vale pelo sangue e a polêmica que gira em torno dele, embora, acho que poderia ser mais sangrento. Mas, considerando a vontade de fazer filme de D'amato mesmo com orçamentos reduzidos e a forma que foram apresentados os temas tabus como o aborto e o canibalismo, fazem deste um filme respeitável e merecedor de ser assistido.

George Eastman, que teve uma boa atuação como o canibal Nikos, escreveu o roteiro junto com D'amato. Tisa Farrow, a irmã de Mia Farrow (O Bebê de Rosemary), também participou do clássico Zombie, de Lucio Fulci.

O filme também é conhecido por diversos títulos, dependendo do país onde foi lançado:
  • Anthropophagous, na França;
  • Anthropophagous: The Beast, no Reino Unido;
  • The Grim Reaper, versão americana censurada;
  • Anthropophagus: The Grim Reaper, versão americana sem cortes, lançada em DVD;
  • Man Eater, na Alemanha.


Em 1981, D'Amato dirigiu Absurd, também conhecido como Zombie 6: Monster Hunter, que é chamado de uma continuação para Anthropophagus, também com a atuação de Eastman. Também em 1981, D'Amato e  Eastman fizeram o Porno Holocaust.
Em 1999 o diretor alemão Andreas Schnaas fez um remake chamado Anthropophagous 2000.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Nekromantik 2 (Alemanha, 1991)

Filme: Nekromantik 2
Diretor: Jörg Buttgereit
Ano: 1991
País: Alemanha
Duração: 104 minutos
Elenco:   Monika M., Mark Reeder, Lena Braun
IMDb: 5,2


Nekromantik 2 inicia com a frase "Eu quero dominar a vida e a morte." do assassino em série Theodore Bundy.
Após, são repetidas em preto e branco as últimas cenas do primeiro filme com uma nova versão da música tema. Ao invés dos sintetizadores, é um piano que dá o tom às cenas do filme. 

A seguir, vemos que a cena final, onde uma pá é cravada sob o túmulo de Rob, na verdade não se tratava de Betty, e sim de Monika, uma enfermeira e também necrófila em potencial e obcecada por Rob e sua história de vida, ou morte.

Ela desenterra tranquilamente o cadáver, em plena luz do dia e o leva para casa. O morto, que por sinal não se parece muito com Rob, tem o aspecto esverdeado e gosmento e tem melhor sorte morto do que vivo. 


Na privacidade do seu lar ela pode desfrutar e saborear de sua nova companhia em uma cena utilizando o mesmo efeito de câmera do primeiro filme durante a transa do trio. Enquanto isso, Betty vai ao cemitério e não encontra Rob.

Além do relacionamento com o cadáver de Rob, o triângulo amoroso é completado por Mark, cuja profissão é dublador de filmes pornôs (?). Porém, com uma queda para Rob, que Monika lembra quando está com Mark.


Depois de aproveitar a companhia de Rob, inclusive o vestindo como se fosse uma pessoa normal, o mesmo começa a se decompor e Monika o serra em pedaços, devolvendo-o em sacos plásticos à sua cova. Mas guarda como recordação a sua cabeça e em um prato na geladeira, o seu pênis.

Frio mas companheiro

Monika parece participar de um clube de mulheres perversas, que assistem vídeos de animais sendo mortos e escalpelados, com a cabeça de Rob na mesa junto com as guloseimas. 

Pratos frios
O filme, mesmo que desenvolva melhor a história que o primeiro, acaba por momentos sendo bastante parado e até cansativo, com poucos diálogos, sendo que as primeiras falas se pronunciam quase aos 20 minutos do filme. A aparência amadora do primeiro filme dá um aspecto mais trash, enquanto esta sequencia, mais bem acabada e filmada, acaba pretendendo ser mais artística. 

< Spoilers >
Se aguentarmos os longos e parados minutos, desta vez com mais foco para a relação "normal" de Monika (talvez esta lentidão seja comparada ao tédio de Monika com esta relação) , somos recompensados nos momentos finais, quando, durante o ato sexual entre Mark e Monika, esta o ataca serrando e arrancando a sua cabeça, que espirra muito sangue, em uma das melhores e mais impactantes cenas do filme. 

A seguir ela substitui a cabeça recém arrancada de Mark pela de Rob, criando um ser híbrido e para ela, completo. Assim ela continua a transa com seu novo amante perfeito, agora a deixando realizada. Ao meu ver, esta cena final é ainda melhor e mais bem feita que a do filme original, e tão impactante quanto.

Este final lembra, de certa forma, o primeiro trabalho de Alejandro Jodorowski, o curta A Gravata (Le Cravate), de 1957, baseado no conto As Cabeças Trocadas (1940) do romancista Thomas Mann. Neste curta, uma mulher troca as cabeças de homens afim de obter a melhor combinação cabeça/corpo.

< Fim dos spoilers >




Se o primeiro Nekromantik foi feito em 1987, na até então Alemanha Ocidental, esta sequencia de 1991 se deu após a queda do muro de Berlin. Neste tempo, Jörg Buttgereit havia feito anteriormente, em 1990, Der Todesking, com atuação de Mark Reeder. Monika K também veio a fazer outro filme de Buttgereit, Schramm, de 1994.