terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Fist Of Jesus (Espanha, 2012)


Filme: Fist Of Jesus
Diretor: Adrián Cardona, David Muñoz
Ano: 2012
País: Espanha
Duração: 15 minutos
Elenco: Marc Velasco, Noé Blancafort, Salvador Llós
IMDb: 7,1

Jesus está dando uma de suas habituais palestras tentando evangelizar seus seguidores, dizendo que deve-se perdoar os inimigos, quando Jacó chega dizendo que seu filho, Lazaro, morreu. Jesus tranquilamente diz que ele apenas está dormindo e vai até lá fazer seu milagre para ressuscitá-lo. Finalmente seu truque funciona e Lazaro volta à vida, porém, volta como um zumbi sedento por sangue. Logo a praga vai se espalhando e Jesus e Judas, seu camarada, se deparam com diferentes hordas de zumbis: os fariseus, os romanos e os cowboys, estes os mais perigosos, pois tem armas e sabem atirar!


Judas, desesperado, se enforca em uma árvore e, pela primeira vez, a mágica da ressuscitação funciona e Judas volta à vida pronto para ajudar Jesus no confronto com os zumbis.
Cercados por um bando de zumbis, Jesus faz outro de seus truques: a multiplicação dos peixes, para serem usados como armas. Mas os mais eficientes acabam sendo o peixe-espada e o peixe-serra, causando um verdadeiro mar de sangue e decapitações. Enquanto Judas se ressente ao matar os zumbis, Jesus encontra nisto a sua verdadeira vocação, resultando em uma verdadeira montanha de restos humanos. Ainda faz bom uso de uma grande cruz, usando-a para esmagar cabeças dos zumbis.


Por fim, Judas diz: "no fim, não conseguimos evangelizar ninguém" e Jesus responde com algo como: "pelo menos conseguimos levar muitos para o reino dos céus.".


Fist of Jesus é um curta espanhol, produzido pela Eskoria Films, que também fez o ótimo Brutal Relax. O filme é divertidíssimo e muito sangrento, com uma exagerada violência gráfica e muito sangue espirrando na tela, lembrando até as mais recentes produções do gore japonês. É recheado de situações engraçadas que resultam em mortes mirabolantes fazendo frente ao canadense Bagman.
Os efeitos são principalmente práticos, baseados na maquiagem ou em bonecos, meio toscos em momentos como os esmagamentos cranianos, mas que acabam sendo mais interessantes do que se utilizassem das facilidades da computação gráfica.
Enfim, uma versão muito mais interessante para a história de Jesus.


O curta chegou até a ganhar um jogo:

domingo, 21 de dezembro de 2014

Vampire Girl vs Frankenstein Girl (Japão, 2009)

Filme: Vampire Girl vs. Frankenstein Girl / Kyûketsu Shôjo tai Shôjo Furanken
Diretor: Yoshihiro Nishimura, Naoyuki Tomomatsu
Ano: 2009
País: Japão
Duração: 84 minutos
Elenco: Yukie Kawamura, Takumi Saitô, Eri Otoguro

Para mostrar a que veio, o filme inicia com um alto nível de trash quando, Monami, uma jovem vampira estudante, é atacada por três garotas frankenstein, retalhadas e costuradas. A vampira ataca e morde o pescoço de uma delas e vai puxando a pele, que vai saindo como se fosse um papel higiênico sendo desenrolado, sobrando apenas o crânio. Tudo isso com uns efeitos computadorizados meio duvidosos. Este crânio é arremessado até outra das frankensteins, que tem seu nariz mordido pela caveira e, com um pequeno exagero, é arrancado, juntamente com toda a pele do rosto. 



A vampira estrategicamente morde os pulsos e seu sangue se solidifica, formando duas espadas sanguinolentas que cortam a cabeça da moça restante. E claro, muito sangue espirrando como se não houvesse amanhã com uma alegre música japonesa ao fundo, no melhor estilo Tarantino, só que bem mais extremo e exagerado.

Calma, estes foram só os minutos iniciais, uma estratégia comum para prender a atenção do espectador para continuar assistindo. Enfim, depois vemos uma escolinha muito bizarra. Alunas afrodescendentes totalmente estereotipadas, atuações horríveis dignas de novelas mexicanas adolescentes. Não existem pessoas sãs nessa escola. Temos também a turma das cortadoras de pulsos, que fazem até saudáveis competições, inclusive cortando todo o braço em uma situação. 


Mas como é comum em filmes de vampiros hoje em dia, temos um pequeno romance, em que Monami dá um chocolate recheado com seu sangue contaminado a Mizushima, seu colega babaca. Ocorre então a “vampirização”, medo do sol e todas essas frescuras. 
Na escola, o diretor, que também é um excêntrico e sádico cientista, com o auxilio de uma enfermeira sensual, mata estudantes para ressuscitá-los. Os cortam em pedaços e tentam juntar com pregos e furadeira. Violência e sensualidade gratuita e banalizada, mas muito divertida, por sinal. A partir do que restou do corpo de Keiko, outra garota que disputava Mizushima com Monami, que acabara morrendo, junta-se com partes de outras pessoas, como as pernas da atleta, o braço da cortadora de pulsos. Assim, lembrando o clássico Frankenhooker, cria-se um ser híbrido super-humano e pronto pra destruir, que irá disputar Mizushima com a garota vampira.


O filme tem um final de violência surreal na Torre Eifel, com as garotas disputando a "posse" de Mizushima, que apenas assiste passivamente.


O filme coloca lado a lado, a personificação de dois dos principais monstros clássicos dos estúdios Universal: Drácula e Frankenstein. Curiosamente, ambos personagens surgiram da literatura em uma mesma ocasião, em 1816, quando os jovens, Mary Shelley, Percy Shelley, Lord Byron e John Polidori estavam confinados em casa, devido ao clima sombrio da época, resultante da erupção de um vulcão que bloqueara os raios solares. Byron sugeriu que cada um criasse uma história de horror e destas histórias surgiram mais tarde os romances Frankenstein, de Mary Shelley e O Vampiro, de Polidori, que mais tarde serviu de inspiração para Drácula, de Bram Stocker.


Voltando ao cinema, ambos monstros tiveram suas clássicas adaptações cinematográficas realizadas em 1931, Drácula interpretado por Bela Lugosi e Frankenstein por Boris Karloff e, desde então, os personagens renderam uma infinidade de filmes, sendo que hoje muitas de suas características essênciais foram deturpadas. Entre eles, as versões da Hammer, dirigidos por Terence Fisher, revitalizando os vilões e que imortalizou Christopher Lee como um Drácula repaginado e mais violento, assim como Peter Cushing, que interpretou o Frankenstein em diversos filmes.

Filmes com os dois personagens juntos não são uma novidade, o mesmo já podia ser visto em House Of Dracula (1945), House Of Frankenstein (1944) e mais tarde no tosco Dracula vs Frankenstein, filme de 1972 com o selo de "qualidade" Troma Movies. Também nos anos 70, os personagens ganharam suas versões Blaxploitation com Blacula, a sequencia Scream Blacula Scream e Blackenstein.


Vampire Girl vs Frankenstein Girl, que foi inspirado em um mangá de Shungiku Uchida, é uma adaptação moderna e nipônica para estes clássicos monstros do cinema americano, substituindo-os por belas garotas, explorando toda a violência, erotismo e exageros característicos do atual gore japonês com suas histórias absurdas. Não deixa de ser uma boa opção frente às recentes adaptações destes monstros clássicos.

O filme é divertido e tudo mais, mas se ainda não é iniciado nesta nova safra do gore japonês, recomendaria antes os já comentados The Machine Girl (de Noboru Iguchi) ou Tokyo Gore Police (do próprio Yoshihiro Nishimura).  

domingo, 23 de novembro de 2014

Brutal Relax (Espanha, 2010)

Filme: Brutal Relax
Diretor: Adrián Cardona , Rafa Dengrá, David Muñoz
Ano: 2010
País: Espanha
Duração: 15 minutos
Elenco:  José María Angorrilla, Pep Sais, Mayka Dengrá
IMDb: 6,7


O Sr. Olivares, que sofre de fortes acessos de raiva, recebe a recomendação médica de ir à praia para relaxar e não se preocupar com nada. Assim, ele vai alegre e contente descansar na praia com sua sunga branca e seu walkman, senta em uma poça de lama e lá fica apreciando a paisagem e curtindo sua música, sem se importar com os outros rindo dele.

Enquanto todos estão se divertindo na praia, algumas criaturas escamosas e de baba verde saem do mar e, após um deles ser atingido por um frisbee, iniciam um sangrento confronto com as pessoas, que vão sendo brutalmente exterminadas, banhando a praia de sangue. Nada que interrompa a paz do Sr. Olivares, não fosse um problema: o walkman ficar sem pilhas! 




Desesperado por ficar sem sua musiquinha, ele irá despejar sua ira nos pobres monstros marinhos enchendo-os de porrada e fazendo seu sangue verde jorrar e seus corpos serem destruídos como se fossem simples bonecos.
O curta conta com alguns efeitos em computação gráfica que não comprometem e alguns mais toscos, como nos recentes gore japoneses. Os efeitos práticos são bem feitos, dentro do baixo orçamento.





Curta bem divertido e sem compromisso feito pela turma da Eskoria Films, produtora independente que lembra as já comentadas Roadkill Super Star e Farsa Producciones e que produz principalmente curtas trash cheios de gore, incluindo o excelente Fist Of Jesus, de 2012.


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

El Ataque Del Pene Mutante Del Espacio (Espanha, 2007)

Filme: El Ataque Del Pene Mutante del Espacio / Attack Of The Mutant Dick From Outer Space
Diretor: Dani Moreno
Ano: 2007
País: Espanha
Duração: 25 minutos
Elenco: David Abellán, Maria Lavarta, Dani Moreno

Um aviso antes de iniciar o filme: separem seus óculos 3D feitos de papel e celofane vermelho e azul, pois este é o primeiro filme com a tecnologia 3D Penevision. Então, quando aparecer o aviso de 3D, coloquem seus óculos e gozem!
Dito isso, podemos ir ao filme. 

Um grupo de cientistas está buscando uma cura para as crianças com hipertricose (uma doença rara que cobre de pêlos todo o corpo) e descobrem nos raios gama de um asteróide a solução.

Os três cientistas, dois homens e uma mulher, viajam ao espaço em uma moderna nave, de formato fálico. Depois de uma semana, o Dr. Dickinson não aguenta mais a falta de sexo e vai se aliviar no banheiro com uma revista. Neste instante a nave entra no campo dos raios gama e ele não coloca o capacete para proteger-se da radiação. 
Dickinson começa a derreter e transforma-se em um monstro peniano que expele um suco branco no topo de sua cabeça. Ele ataca a doutora e a derrete (em efeitos stop motion de massa de modelar).


De volta à Terra, o Dr. Pinto ataca mulheres ao ficar maluco vendo seus decotes e, uma a uma, as vai derretendo.
Um exército (de apenas dois soldados) é convocado e preparam uma armadilha no meio da floresta para pegá-lo: colocam um filme pornô em um telão. Rapidamente ele ouve os sons provindos da exibição e morde a isca. 
Para eliminá-lo, é usado um mortal espermicida e contar com bela pontaria do General.





Expressões como "que porra de filme é esse?", "esse filme é do caralho!" ou "que filme cabeça!" nunca antes fizeram tanto sentido.

Este curta espanhol de 24 minutos, feito em preto e branco e com efeitos 3D é uma grande homenagem aos filmes de ficção científica dos anos 50 com seus monstros alienígenas mutantes, tanto que o próprio título já remete à filmes como Plan 9 From Outer Space. É bastante divertido, com vozes forçadas e engraçadas, assim como as toscas atuações. 
Foi produzido pela Chaparra Entertainment, uma produtora independente dirigida por Dani Moreno, que neste curta atua como o General, e cujos principais filmes foram, além deste curta, Amazing Mask, Martians Go Home! e o trashíssimo Brutal Dogo. Também fizeram videoclipes com a temática de filmes B para bandas e editam a revista Amazing Monsters. 





Para assistir:


Making of e apresentação do 3D Penevision:

A banda de grindcore colombiana Absolut Terror fez uma uma música com o nome do filme em sua homenagem.

domingo, 19 de outubro de 2014

Island Of Death (Grécia, 1976)

Filme: Ta Paidia Tou Diavolou / Island Of Death 
Diretor: Nico Mastorakis
Ano: 1976
País: Grécia
Duração: 108 minutos
Elenco: Robert Behling, Jane Lyle, Jessica Dublin
IMDb: 5,1

Christopher e Celia são um feliz casal britânico procurado pela polícia que chegam a uma ilha grega (bem semelhante àquela do Anthropophagous), famosa por suas 365 igrejas. Um local ideal para devotos de deus e, porque não, para umas perversões. Os dois rapidamente se mostram bem à vontade no local, quando Christopher liga para sua mãe, para que ela escute os dois transando em uma cabine telefônica.

Até aí tudo bem, mas a coisa começa a ficar estranha quando Christopher, após ter o pedido de sexo matinal negado por Celia, vai ao pátio e encontra uma cabra. E sim, ele satisfaz suas necessidades com o pobre animal e depois arranca sua cabeça e a joga dentro do poço.



A seguir, em um bar, ele nota que um homem está observando Celia. Christopher o chama para a mesa apresentando Celia como a sua prima. Eles armam para Celia encontrar-se com ele na capela em que ele estava pintando. Enquanto os dois transam, Christopher fica escondido tirando fotos. 

Após feito o serviço, Christopher entra em cena e eles crucificam o pintor ao lado da capela, afinal, consideram o adultério como algo errado. Não bastasse isto, ainda fazem o pintor engolir um balde de tinta (que tá muito mais pra leite). 
Seguindo os ensinamentos do livro sagrado, eles gostam de punir o que consideram perversões. É o que fazem com um casal de homossexuais recém-casados, espertamente registrando tudo com a câmera fotográfica. 


O detetive Foster finalmente os descobre, mas não contava que o casal o estaria esperando no avião. Assim, amarram uma corda no pescoço e dão uma volta com o homem pendurado no avião!

A próxima vítima no processo de limpeza da ilha é uma senhora que gosta de se divertir com homens e também aprecia uma chuvinha dourada. Mas Christopher, após este ato a espanca e a mata brutalmente, mas não tão discretamente, ao decepá-la com uma motoniveladora, mostrando ser um cara bastante versátil e criativo em suas formas de execução. O interessante também é que ele é bastante qualificado, não só sendo capaz de operar um avião, como a motoniveladora. Tudo isto vai sendo registrado em seu diário, sem medo de deixar provas.

Um dia Christopher vai pescar e Celia, sozinha, após ser seguida por dois hippies, é abusada por eles. Mas Chris chega com seu arpão atirando. Este crime desperta o interesse de um escritor, que passa a investigar o casal.
O novo alvo é a atendente de um bar que fica de olho em Celia. As duas vão para casa e a mulher, por ser lésbica e drogada, não pode ser perdoada por Christopher, que a considera uma pecadora. Para puni-la, ele injeta nela um super dose de droga e faz um lança-chamas com uma vela e um spray.


Celia sempre tinha um sonho em que era estuprada por um desconhecido. Até que um dia este sonho se realiza, mostrando que ela previa o futuro! Este homem espanca Chris e o sodomiza e em ato de extremo mal gosto, peida nele e o joga em um poço! Aí já é muito "desrespeido"!

Celia fica feliz com o agressor e de imediato troca Chris por ele quando também descobrimos que os dois eram irmãos! Se não ficou chocado com todas as bizarrices anteriores, isso até vai parecer tranquilo.


Enterrado em cal, Chris vai queimando lentamente quando começa a chover.

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O diretor grego Nico Mastorakis tentou pegar carona no sucesso de O Massacre da Serra Elétrica, lançado dois anos antes, e também quis ganhar uma graninha fazendo um filme violento e polêmico. Para isso ele escreveu o roteiro em uma semana (até que demorou), reunindo uma coleção de cenas que tentam a todo custo ser chocantes,  envolvendo questões relacionadas à zoofilia, homofobia, sexismo, maus tratos com animais, adultério, drogas, ninfomania, incesto, peidos gratuitos(?), além de cenas de nudez e sexo. 

Mas o que mais pode ter insultado as pessoas na época, e contribuído para o filme ser banido, foi que o casal adota os conceitos bíblicos para "limpar" o mundo do que consideram errado, sendo que são eles que realmente fazem as coisas ruins.

De certa forma o diretor conseguiu o que queria, já que o filme ganhou certa fama por entrar na lista das video nasties e sendo banido por muitos anos no Reino Unido e figurando em diversas destas listas de filmes perturbadores ou polêmicos que vemos na internet.  

Já sabendo desta fama do filme, na primeira vez que o vi, esperava algo mais chocante, mas é tudo tão tosco e forçado que chega até a ser engraçado. O orçamento é ridículo e as cenas são mal feitas, que não chegam a ser muito explícitas. Vale para quem gosta de um trash/exploitation, caso contrário, procure outro filme.

Os atores que tiveram um certo destaque foram Robert Behling (Christopher) e Jessica Dublin (Patricia), ambos americanos. Robert também participou de Sem Medo da Morte (1976) e Cujo (1983) e Jessica fez Trinity Ainda é Meu Nome (1971), Re-Juvenator (1988), e até alguns da Troma, como Troma's War (1988), O Vingador Tóxico II e III (1989) e a série Tromaville Café (1997).


Uma lição que podemos tirar com este filme:
Tome cuidado ao visitar ilhas gregas. Se não for devorado por um canibal, pode ser morto por um casal de psicopatas religiosos!

domingo, 3 de agosto de 2014

Splatter: Naked Blood (Japão, 1996)

Filme: Nekeddo burâddo: Megyaku / Splatter: Naked Blood
Diretor: Hisayasu Satô
Ano: 1996
País: Japão
Duração: 76 minutos
Elenco: Misa Aika, Yumika Hayashi, Mika Kirihara

Eiji é um jovem mimado metido a cientista que, sabe-se lá como, desenvolve uma droga que ele batiza de Myson, um líquido azul que traria às pessoas o sentimento de calma de um céu azul ou do mar calmo, acabando com o sofrimento e trazendo felicidade. Sua mãe, também cientista, está trabalhando em seu anticoncepcional, o qual ela julga ser uma forma de salvar o mundo. Eiji vai até a clínica e injeta a sua droga no anticoncepcional, que seria testado em três mulheres.


Cada uma das garotas tem uma personalidade específica: uma é obcecada por comida, outra pela aparência e Rika, a nossa querida protagonista, é insone e bastante tímida e introspectiva, sendo até comparada à uma planta por sua apatia. O que faz sentido, já que seu colega de apartamento é um cacto gigante, com o qual ela divide seus sonhos através de um aparelho de realidade virtual, pois ela é incapaz de dormir por traumas de infância envolvendo a sua menstruação. Ela vive isolada e sua maior vontade é matar todos os seres vivos (o que me faz pensar que ela não era a pessoa ideal para ser testada com um anticoncepcional, a menos que seu cacto fálico...) e desenvolveu uma super audição, devido à sua insônia, sendo capaz até de ouvir as plantas. 


Após 48 horas o Myson começa a fazer efeito. A garota comilona se corta e gosta de seu próprio sangue, depois, quando está cozinhando, tem a ideia de fazer uma mão à milanesa (lembrando a cena de Machine Girl). Isto mesmo, ela frita a própria mão e a devora. A garota das aparências começa a se encher de piercings e correntes, culminando em sua morte. A comilona tem o mesmo destino, mas de uma forma ainda mais impactante e absurda: ela corta parte de sua vagina e a come, assim como o mamilo e, para terminar, arranca seu próprio olho com um garfo e o devora.


Eiji, sempre filmando as garotas, finalmente percebe o seu experimento deu merda. A partir daí irão ocorrer uma série de bizarrices surreais que só uma mente oriental insana é capaz de conceber e que nem irei descrever para não atrapalhar a experiência surreal. Soma-se também à trama, a história do pai de Eiji, um cientista com a obsessão da vida eterna, que queria a todo o custo um filho, talvez por pensar como o nosso querido Zé do Caixão, buscando a continuidade do sangue. 


Rika, que aparentemente não havia sofrido com os efeitos do Myson, acaba tendo sua obsessão potencializada pela droga: matar! É o que presenciamos junto com Eiji, quando ambos estão brincando sexualmente no aparelho de realidade virtual. 

À primeira vista, baseado em cenas ou simplesmente no título em inglês que recebeu, Splatter: Naked Blood, imagina-se apenas um filme gore com violência gratuita, no estilo da série Guinea Pig. O gore existe e com bons efeitos práticos, mas também há uma história interessante por trás, o que torna as cenas sangrentas mais justificadas.  


Acredito que o filme trate da incessante busca humana por prazer e felicidade, utilizando-se para isso de drogas como fuga para a realidade. Pode-se fazer um pequeno e tosco paralelo entre o filme e o livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, em que as drogas são usadas constantemente como forma de buscar felicidade e evitar frustrações, o que é cada vez mais real. Porém, no filme, a droga tem o poder de potencializar as obsessões ao ponto das pessoas serem devoradas por seus prazeres. 


O alto nível de bizarrices talvez até faça o filme parecer mais profundo e complexo do que seria, de fato, chegando a ser confuso. Apesar disso, o que mais impressiona e realmente vale o filme são as brutais cenas sangrentas, em especial quando a garota está degustando de si mesma, com destaque para a refeição ocular, entre outras coisas . 

domingo, 27 de julho de 2014

Bagman: Profession Meurtier (Canadá, 2004)

Filme: Le Bagman - Profession: Meurtrier
Diretor: Jonathan Prévost, François Simard, Anouk Whissell
Ano: 2004
País: Canadá
Duração: 19 minutos
Elenco: Alain Bakayoko, Jimmy Beaudoin, Dave Bellerive, Jonathan Prévost, François Simard, Anouk Whissell
IMDb: 7,4

Um misterioso homem com um saco de pão na cabeça chamado Bagman sem motivo aparente, aparece e mata a todos que cruzam o seu caminho, afinal, esta é a sua profissão. E na tarefa de matar, o nosso "herói" não poupa esforços e usa seu vasto repertório de técnicas e armas para atingir este nobre objetivo, sem para isto, (quase nunca) usar armas de fogo. Ele dá o ar da sua graça após seu nome ser pronunciado três vezes (e nem precisa ser em frente ao espelho). 

A história começa em uma casa, após um aparente massacre, quando um dos sobreviventes chama uma garota escondida pensando que tudo tinha terminado. Tolo. Neste momento Bagman aparece com seu facão e corta o braço do sujeito (num efeito bem tosco) e em seguida, com mais um golpe divide a cabeça de sua vítima (em outro efeito bem tosco). A garota que estava escondida (nem tanto), por algum motivo consegue escapar. Este início não é tão bom quanto o que virá a seguir, portanto, não desista ainda.
Enquanto foge, ela é atropelada por uns gângsters e, após se recuperar, conta sobre o assassino mascarado implorando para que não mencionem o seu nome três vezes. Nada esperta ela. Bagman chega e começa o show! São chamados reforços para contê-lo, o que só faz jorrar mais sangue e aumentar a pilha de corpos.  Somente seus dois últimos oponentes lhe dão maior trabalho: uma atiradora de dardos e o chefão da gangue.





Seu arsenal de ferramentas, que ele tira de sua capa, além do já usado facão, é composto por duas machadinhas, que acabam parando nas nádegas de um de seus desafiantes; uma marreta;  facas; as próprias mãos para esmagar crânios ou arrancar testículos; ele também nos mostra novas utilidades para um guarda-chuva e ainda improvisa usando as tripas alheias como armas. 
Fica claro o baixo orçamento da produção, estimado em $ 2000 dinheiros canadenses, quando se nota o uso de bonecos, máscaras, bolsas de sangue nas mortes, mas que é compensado com muita criatividade, passagens cômicas, alguns clichês clássicos e uma incrível sequência de mortes que resulta em maior diversão do que muitos longas de maior orçamento. 



Bagman fez bastante sucesso na internet, onde era possível ver todo o curta no Youtube. O curta foi produzido pela Road Kill Superstar em 2004, inspirado em um personagem de uma história em quadrinhos criada por François e Anouk, dupla esta que também havia produzido um curta sobre o mascarado, chamado Bagman 2001. Acredito que uma das grandes inspirações foram os clássicos assassinos mascarados dos filmes slasher.
A Road Kill Superstar é um coletivo canadense de Quebec, formado em 2002 e composto por amigos que produzem curtas sangrentos, divertidos e de baixo orçamento, baseados no filmes trash/gore/exploitation dos anos 70 e 80, com grande influência da Troma e Peter Jackson do início. A equipe surgiu pequena, fundada por François Simard, Anouk Whissell e Jonathan Prévost, e depois também Yoann-Karl Whissell, estes que participam de diversas funções nas produções, incluindo a direção, além de serem atores recorrentes em seus curtas. 



Seu primeiro filme foi 2 Morts, de 2002, em seguida veio Bagman: Profession Meurtier, seu maior sucesso.
Outros curtas produzidos pela RKSS foram Chez Tony Spaghetti, Itsy Bitsy Grampy, La Roue Faucheuse, A Winner Is You, Total Fury, Kalashnipot e T Is For Turbo, curta que foi um dos mais votados para integrar a antologia The ABC's of Death, mas não chegou a ser o vencedor.  Também fizeram Red Head Red Dead, Ninja Eliminator I e II, que são espécies de trailers falsos no estilo dos grindhouse.
Devido ao sucesso de Bagman, a equipe chegou a ser convidada para trabalhar com Lloyd Kaufman no filme Poultrygeist, onde desenvolveram os storyboards e auxiliaram nos efeitos especiais.




Quem gosta de trash e gore já deve conhecer este curta, além de outros da produtora. Caso contrário, tem a obrigação de assistir esta viciante e divertida carnificina. Se tiver 20 minutos sobrando e quiser que sejam bem aproveitados, veja ou reveja Bagman!
Posso dizer que foi um dos filmes que me motivou a criar o blog e escrever sobre filmes trash, e já estava na hora de escrever algo sobre ele.

Todo curta está disponível no Vimeo da RKSS:


E também vale a pena conferir o making off:

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Pink Flamingos (EUA, 1972)

Filme: Pink Flamingos
Diretor: John Waters
Ano: 1972
País: Estados Unidos
Duração: 93 minutos
Elenco: Divine, David Lochary, Mary Vivian Pearce
IMDb: 6,1


Após ser considerada por um jornal sensacionalista a pessoa mais asquerosa do mundo, Divine é obrigada a se refugiar em um trailer com sua família, agora adotando o nome de Babs Johnson. Ela vive com seu filho delinquente, Crackers; a mãe doente mental, Miss Edie, que fica seminua em um cercadinho de bebê e é maluca por ovos; e a sua colega de viagens, Cotton, que adora espiar as transas de Crackers.


O casal Raymong e Connie Marble invejam Divine e brigam pelo posto de pessoas mais asquerosas do mundo. Para isso eles se esforçam bastante, mantendo mulheres em cativeiro que são fecundadas pelo seu criado, para vender os bebês à casais de lésbicas; tem lojas de pornografia e negócios com traficantes que atuam em escolas. 

Para demonstrar o nível deste pessoal, Divine tem o hábito de comprar carne e passear conservando-a entre as pernas. Enquanto isso, Raymond desfila faceiro com uma linguiça amarrada à sua linguiça, assustando as mulheres que vê pelo caminho, isso até não ser surpreendido por um transexual que responde mostrando-lhe o que tem debaixo da saia. 
O casal Marble busca por informações sobre Divine e para isso contratam uma espiã, que consegue um encontro com Crackers. Mas ela não imagina pelo o que a aguarda. Crackers a leva para o galinheiro e lá eles transam com uma galinha esperneando e sendo esmagada entre eles.


Já sabendo o endereço de Divine, mandam um belo presente a ela: uma caixa com merda! Como é aniversário de Divine, temos uma festinha com um show de bizarrices. Divine ganha lindos presentes como um cutelo, uma cabeça de porco e, para animar a festinha, música ao vivo e artistas performáticos, como uma mulher seminua dançando com uma cobra ou um homem que indescritivelmente acompanha a música com seus lábios anais! É ver pra crer! Os Marble ficam escondidos assistindo enfurecidos de inveja e chamam a polícia. A polícia chega, mas isso não é problema para a turma de Divine, que retalha e devora os policiais.


Divine e Crackers vão à casa dos Marble se vingarem. Eles lambem tudo na casa espalhando seus germes. Para aumentar a nojeira, Divine abocanha o bilau do filho. Enquanto isso, os Marble aproveitam para incendiar o trailer, mas, quando voltam para casa, são capturados e passam por um julgamento hilário em frente às câmeras da imprensa.

Naturalmente os Marble são julgados e sentenciados, não restando dúvidas de quem são os mais asquerosos do mundo! Divine não se acomoda com o posto e termina o filme em grande estilo comendo uma deliciosa e ainda quentinha merda de cachorro. E sim, ela comeu merda mesmo!

Fazendo uma boquinha

Pink Flamingos, de John Waters, é um clássico underground que transgride os valores morais do cinema e da sociedade tradicional americana. Uma obra-prima da contracultura, subversão e escatologia que tenta de várias maneiras chocar mas mantendo boas doses de humor negro. Vejamos algumas das coisas que aparecem por aqui: coprofagia, canibalismo, zoofilia, incesto, sequestro, tráfico de bebês, enfim, diversão para toda a família. Ao invés do belo, heroico e correto, temos o sujo, o asqueroso, o degradante e tudo que há de mau gosto. Uma gozação com a decadente comunidade hippie, pouco depois do julgamento de Charles Manson e sua turma, tanto que em certo momento é visto a pichação com os dizeres "Free Tex Watson", este que era um dos integrantes do grupo de Manson responsável pelos assassinatos. O filme ainda pode ser visto como uma sátira àqueles que fazem o que for necessário por fama, sendo produto para a imprensa sensacionalista. 



Sobre a última cena, em que Divine come as fezes do cachorro, Waters admite que foi apenas para chocar, pois, segundo ele, muitas coisas que não são ilegais podem ser chocantes. E isto é mostrado muito bem em Pink Flamingos. Lendo algumas críticas sobre o filme, vi que várias pessoas se ofendem mais com cenas de escatologia como esta, do que propriamente com os assassinatos que são realizados. Certa vez o diretor foi exibir o filme em uma prisão e foi acusado pelos detentos de tarado e pervertido, sendo que ironicamente eles eram estupradores ou assassinos.

Há também aqueles que se inspiram no filme e o diretor responde da seguinte forma:  "Às vezes as pessoas me escrevem e dizem que eu dei a elas coragem para fazer algo que eu provavelmente diria a elas para não fazer. Você tem que lembrar: são fantasias. Eu escrevo roteiros, eu não faço essas coisas.".

Com o pequeno orçamento de $ 10.000, John Waters, com 100 dólares conseguiu comprar o trailer em um ferro-velho e teve que puxar cabos de eletricidade por longas distâncias. Ele alugou ilegalmente o equipamento de filmagem de um canal de TV e ele mesmo filmou, talvez isto justifique a câmera amadora e cheia de zooms que vão e voltam, tecnicamente transgredindo os padrões do cinema de Hollywood.

O filme fez sucesso entre os Midnight Movies, filmes undergrounds da década de 70 que eram exibidos à meia noite (mesmo?), pois não tinham espaço no circuito tradicional. Pink Flamingos chegou a ficar em cartaz por um ano. Outros filmes que se destacaram naquelas exibições foram Eraserhead de David Lynch, El Topo de Alejandro Jodorovski, The Rocky Horror Picture Show de Jim Sharman e A Noite dos Mortos Vivos, de George Romero.
A trilha sonora é um espetáculo à parte, repleta de rockabilly e surf music dos anos 50 e 60 contrastando com as cenas grotescas de Divine e sua turma. Alguns dos nomes que integram a trilha sonora são Link Wray And His Ray Men, The Centurians, Lavern Baker, Little Richard, Bill Haley & His Comets, The Trashmen, entre outros. Esta trilha foi lançada em CD e vale a pena ir atrás dela, certamente algumas músicas terão outro gostinho ao serem ouvidas novamente.

Divine, a Drag Queen mais famosa e diva do cinema underground, fez vários filmes em parceria com John Waters. Sua primeira aparição foi em Roman Candles, de 1966, depois vieram Eat Your Makeup (1968), Mondo Trasho (1969), The Diane Linkletter Story (1970), Multiple Maniacs (1970), Female Trouble (1974), Polyester (1981), e Hairspray, de 1988, um de seus últimos filmes antes de falecer no mesmo ano com apenas 42 anos de idade.
Além de Divine, vários outros atores eram presença constante nos filmes de Waters, como o casal Marble (David Lochary e Mink Stole), Edie (Edith Massey) e Cotton (Mary Vivian Pearce).


John Waters, assim como Ed Wood, é considerado um dos diretores que mais representa o trash. Se formos analisar apenas suas maiores obras, Plan 9 From Outer Space e Pink Flamingos, pode-se notar que Ed Wood tentava e achava estar fazendo uma verdadeira obra de arte, mas que involuntariamente se torna trash por todos os seus defeitos. Já John Waters, sabe de suas limitações e faz propositalmente um filme o mais bizarro possível, sem se levar à sério e como um exercício de mau gosto, segundo o próprio. Isto nos prova como o trash pode ser algo abrangente.


Inspirado nas invenções de William Castle, Waters desenvolveu para os filmes Polyester (1981) e Female Trouble (1974), o odorama, um cartão onde os espectadores podiam interagir com o filme, sentindo os cheiros que os personagens sentiam.

Merecidamente, Pink Flamingos é citado no livro 1001 Filmes para ver antes de morrer, de Steven Jay Schneider.

Enfim, Pink Flamingos definitivamente não é um filme para todos, é preciso ter a mente aberta, não ser facilmente ofendido, não levá-lo tão à sério e talvez ter um pouco de estômago.

E para terminar, uma frase de John Waters:
“Para mim, mau gosto tem tudo a ver com entretenimento. Se alguém vomita assistindo algum dos meus filmes, é como ser ovacionado em pé.“.