sexta-feira, 28 de junho de 2013

Dünyayi Kurtaran Adam / Star Wars Turco (Turquia,1982)


Filme: Dünyayi kurtaran adam / O Homem Que Salvou o Mundo / Star Wars Turco
Diretor: Çetin Inanç
Ano: 1982
País: Turquia
Duração: 91 minutos
Elenco: Cüneyt Arkin, Aytekin Akkaya, Füsun Uçar
Procura um filme trash em sua essência? Então não pode deixar de dar uma conferida no cinema turco dos anos 70 e 80.
Além dos recursos escassos para as produções, os diretores turcos copiavam descaradamente os grandes filmes de Hollywood, inclusive roubando cenas destes, sem a mínima vergonha.

Como explicado no blog Cinediondo, a época mais produtiva do cinema turco foi no início dos anos 60 até o início dos 80, época em que a Turquia tinha um governo liberal e democrático, que permitia o livre comércio e a criatividade nos filmes, mas teve seu término, como em muitos outros países, através de um golpe de estado que deu lugar a um governo repressivo.

Durante este período, os distribuidores tinham acesso às estreias de Hollywood antes de todo mundo. Como o custo para a distribuição era alto, eles mandavam os produtores fazerem suas versões destes filmes americanos, gastando o mínimo possível a fim de obterem maior lucro. Assim, os filmes eram feitos o mais rápido possível, sem nenhum cuidado com a qualidade ou o bom gosto por pura ganância dos distribuidores. Os filmes eram feitos, em média em apenas dois meses, embora cita-se uma história de um produtor que entregava em quatro dias um filme com "aparência profissional".

Os atores atuavam em vários filmes ao mesmo tempo, indo de um estúdio para outro, para aprenderem o roteiro escrito no dia anterior.
Entre os maiores sucessos provenientes da Turquia neste período, estão versões para Rambo (Korkusuz), ET (Badi), Exorcista (Seytan) e Star Wars (Dünyayi Kurtaran Adam). 

Resumindo, o cinema turco era sinônimo de picaretagem, plágio, falta de orçamento, atuações ridículas, roteiros horríveis, e os efeitos e figurinos o mais toscos possíveis. Totalmente trash!

Depois desta breve história do cinema turco, vamos ao filme do dia, Dünyayi Kurtaran Adam ou O Homem que Salvou o Mundo, ou, como é mais conhecido, Star Wars Turco.

Após a era espacial o universo presenciará a era galáctica em que houve uma involução na civilização (certamente para justificar a falta de orçamento do filme), como explicado pelas intermináveis legendas iniciais. 
A Terra, sob perigo de extinção, envia dois de seus melhores pilotos, que naturalmente são turcos. Eles ficam encarregados de salvar a humanidade dos terríveis inimigos intergalácticos que buscam a imortalidade e a dominação intergaláctica.
A Terra é protegida por um escudo composto pelos cérebros humanos (?) e força de vontade. Seus inimigos, com fantasias das mais vagabundas, não têm cérebros e precisam de um para atingirem seus objetivos maléficos.



Com cenas descaradamente roubadas do Star Wars ao fundo, que são repetidas a exaustão, e a música do Indiana Jones, os nossos heróis pilotando cada um a sua nave, são atingidos e vão cair em um local desconhecido. Milagrosamente suas naves caem próximas uma da outra e felizmente a terra ainda tem esperanças, já que os salvadores não sofrem um arranhão sequer na queda. 

A dupla é muito bem humorada, proferindo frases deste nível:
- "Tenha medo, mas não demonstre. Talvez podemos ter caído em um planeta habitado apenas por mulheres. Elas podem estar nos testando para ver quem é o mais corajoso."
- "Não esqueça de estufar o peito."

Mais uma colagem, com imagens do Egito e os heróis são surpreendidos não por mulheres, e sim por cavaleiros com armaduras de esqueletos muto podres. Após umas lutas muito mal coreografadas, eles são capturados por uns seres enlatados e levados para uma civilização repleta de múmias vivas, monstros e humanos escravizados. 

Após eliminar seus oponentes, os turcos começam a treinar para enfrentar o mal que está por vir. E não é um simples treino, eles socam e despedaçam pedras, amarram grandes pedras nas pernas, que parecem muito leves para estes obstinados defensores da humanidade, para tonificar os músculos das pernas. Não bastasse toda esta tosquice, eles dão super pulos, chutando pedras que explodem. Estas ridículas e engraçadas cenas, mostram que a Terra certamente não poderia estar em melhores mãos.



Depois de um cansativo treino pesado, nada melhor do que relaxar no bar. E este bar, meus amigos, é algo pra lá de bizarro, parecendo mais uma festa à fantasia repleta de monstros dos mais variados tipos, máscaras das mais fuleiras, parecendo que os produtores assaltaram uma loja de fantasias para realizar este filme. Mas isto não é o mais assustador, e sim os humanos presentes, desprovidos de qualquer beleza ou simpatia.

Depois de uma pequena confusão no recinto, são levados pelos capangas do vilão e são forçados a vestir umas roupas multicoloridas e brilhosas e eles, sempre agradecidos dizem:
- "Gosto daqui, são muito hospitaleiros".
- "Nos deram roupas bacanas".

E vejam só, até zumbis estão presentes aqui! Sim, aqueles que ajudam os humanos, são transformados em zumbis.

A seguir, mais uma luta bem coreografada, com os turcos sempre de bom humor, quebrando espadas, arrancando braços e pernas.
Já os vilões superpoderosos, capazes de transformar pessoas em zumbis ou aranhas, não conseguem derrotar os dois trapalhões turcos. Mas como o nome traduzido do filme é O Homem que Salvou o Mundo, não era de se esperar outra coisa.

Em mais um confronto contra os monstros, os dois dão seus super pulos em cima destes com direito a torcida a lá Pica Pau nas cataratas do Niágara. 



O filme mais parece ser uma coleção de esquetes agrupadas, formando esta magnífica pérola da sétima arte. As aventuras não param por aí, o vilão usará seus poderes para conseguir o seu objeto de desejo para controlar todo o universo: um tosco cérebro verde. Para isso, ele é capaz de tornar um dos turcos seu aliado, e mesmo assim, com todos estes poderes, não é preciso pensar muito para imaginar que o mesmo não obtêm sucesso.

Felizmente o mundo estará a salvo, inclusive as mulheres, razão pela qual o nosso herói não viveria e por este motivo continua a lutar. Mais situações bizarras irão acontecer (mesmo que eu não lembre direito) até que a terra seja finalmente salva do mal.

Por trás do brilhante roteiro, o filme também, ao meu ver, passa uma mensagem criticando o cristianismo, já que a Turquia é um país quase que totalmente dominado pela religião islâmica  Mas seria algo como o sujo falando do mal lavado.



O filme é muito ruim, mal feito, com péssimas atuações, mas como não se leva totalmente a sério, quando não é entediante, tem momentos divertidos por sua tosquice e falta de noção. Ideal para assistir rindo com os amigos, bebendo e comendo guloseimas, caso contrário, é difícil chegar ao fim do filme.

domingo, 16 de junho de 2013

Adam Chaplin (Itália, 2011)

Filme: Adam Chaplin
Diretor: Emanuele De Santi, Giulio De Santi, Alessandro Gramanti 
Ano: 2011
País: Itália
Duração: 84 minutos
Elenco: Emanuele De Santi, Giulio De Santi, Alessandro Gramanti 










Depois de ler críticas favoráveis e a promessa de muito sangue, fiquei na expectativa de ver o filme italiano Adam Chaplin, de 2011. Vi e me decepcionei um pouco. Há sim muito sangue e violência extrema mas deixa a desejar. Mas vamos à sinopse do filme:

Em um futuro pós-apocalíptico, em um local com o nome idiota de "Heaven Valley", o chefe da máfia Denny Richards, um cruel homem mascarado e desfigurado que sobrevive por aparelhos que bombeiam sangue para manter o seu corpo, mata a esposa de Adam. Como de costume, Adam vai vingar sua amada mas, além de ter o físico de um lutador profissional, uma espécie de Corvo anabolizado, ainda conta com a ajuda de um demônio que reside em suas costas, que o dá força e poderes sobre-humanos, matando todos os que tentarem impedí-lo, inclusive a polícia, que é corrupta e controlada pela máfia.


A história, que não tem nada de mais, é complementada com muito sangue, violência e pessoas deformadas, tudo de forma muito exagerado. Até aí, tudo bem, mas Adam consegue, sem problemas, ir eliminando seus oponentes golpeando-os com milhares de socos em frações de segundos. As cenas violentas com muito sangue e efeitos não computadorizados, são o ponto alto e principal atrativo do filme, mas muitas são comprometidas, ao meu ver, pelo uso excessivo de efeitos de computador (CGI), que tornam o filme muito artificial e decepcionante neste sentido. Há uma cena em que Adam empala um dos vilões e o carrega como se fosse uma bandeira, mas isso é feito com um efeito computadorizado muito tosco. Seria melhor e mais fácil, se usassem um boneco.


Apenas lembrando que este é o meu ponto de vista, que prefiro aqueles velhos efeitos criativos e práticos, sem tanto uso tecnológico, mas acredito que muitos poderão gostar das cenas. 


Além disso, o filme chega a ser entediante durante alguns longos e desnecessários discursos. O final e melhor momento do filme, apresenta uma boa sequencia de luta, mais parecendo um anime live action ultra-violento (usando inclusive uma tecnologia chamada H.A.B.S - Hyperrealistic Anime Blood Simulation), mas não é difícil imaginar que o herói fortão e com super-poderes não terá dificuldades para matar o deformado e debilitado vilão.




O filme segue a linha do recente cinema gore japonês, com MUITO sangue e violência extremamente exageradas, mas diferente dos orientais, não espere se divertir como em Tokyo Gore Police ou The Machine Girl, pois este parece se levar a sério demais.  De qualquer forma, vale pelo sangue e também por ser um filme independente, escrito e dirigido pelo próprio Adam (Emanuele de Santi). Assistam e tirem suas conclusões.