segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Virus (Itália, Espanha, 1980)

Filme: Virus / Hell Of The Living Dead / Zombie Creeping Flesh / Os Predadores da Noite
Diretor: Bruno Mattei, Claudio Fragasso
Ano: 1980
País: Itália, Espanha
Duração: 101 minutos
Elenco:  Margit Evelyn Newton, Franco Garofalo, Selan Karay 

Um espécie de usina em Nova Guiné é utilizada por países desenvolvidos para as pesquisa da chamada "Doce Morte", onde são desenvolvidos experimentos químicos com o objetivo de controle populacional do terceiro mundo - como veremos mais claramente na conclusão do filme. Toda a tecnologia é posta abaixo por um rato, que provoca um vazamento no local gerando uma rápida infecção zumbi - entenda zumbi como pessoas com o rosto pintado de roxo ou verde. 

Após isso, vemos um esquadrão especial altamente truculento entrando em um prédio em que um grupo terrorista mantém reféns. Sem cerimônia, o esquadrão entra atirando e elimina brutalmente os sequestradores. Na cena seguinte, este esquadrão está em uma missão em Nova Guiné. Lá eles encontram Lia, uma repórter e seu câmera, que iremos chamar de Tom Savini cover, que seguem juntos e começam a se deparar com diversos zumbis, infectados pelo vazamento da usina. No percurso, eles encontram uma tribo local e, para se infiltrar entre eles - e garantir os peitinhos do filme - Lia tira a roupa e pinta-se como os locais. Lá, além de várias imagens roubadas de documentários sobre vida selvagem, vemos vários infectados e em seguida eles começam a atacar uns aos outros e aos forasteiros. Logo eles estão roendo ossos humanos ensanguentados enquanto os branquelos saem de fininho. Enquanto isso, nas TVs, um representante do povo de Nova Guiné acusa os países desenvolvidos por matarem seu povo.


Eles ficam perambulando pela selva até que os zumbis reaparecem e o câmera aproveita o furo de reportagem pra ficar na cara deles filmando tranquilamente enquanto o recruta Zantoro, o mais demente, fica se refestelando entre eles provando sua macheza e mostrando que eles são inofensivos e incapazes de pegá-lo.

O grupo então se refugia em uma casa que rapidamente é invadida, um recruta é pego, mas Zantoro segue se divertindo no meio de montes de zumbis, quase sendo capturado, mas consegue fugir com os outros no carro que, naturalmente os deixará na mão. Sem saída, seguem pelo mar de barco, chegando à usina onde tudo começou, o lugar ideal para esconderem-se.



Um a um os recrutas vão sendo eliminados pelos zumbis que tomaram o lugar, inclusive Zantoro, sobrando apenas o comandante e Lia que são acuados atacados pelos zumbis. Lia tem a língua e olhos arrancados, de dentro para fora.
O filme termina com uma horda de zumbis atacando o que parece ser os EUA.


Depois de muito ouvir falar mal deste filme, quando terminei de vê-lo fiquei com uma sensação estranha por até ter gostado. Tudo bem que tudo nele é mal feito: as atuações, a maquiagem, os efeitos, a falas dos personagens, a trilha sonora do Goblin foi roubada do Despertar dos Mortos e Contamination, muitas imagens de documentários sobre vida selvagem e o roteiro, principalmente, mas mesmo assim ele acaba sendo divertido de uma forma que muitos filmes modernos não conseguem. Além de tudo, senti uma certa influência de George Romero - pra não dizer plágio - por apresentar uma crítica social, mesmo que bem rasa, mostrando as nações desenvolvidas como as verdadeiras vilãs, o que foi um dos pontos que achei interessante, mesmo que muitos filmes já tenham feito isto e de forma melhor, não apenas como uma desculpa para pessoas se tornarem zumbis e saírem por aí matando as outras. Além de Romero, o filme se "inspira" no que estava rendendo dinheiro no cinema exploitation italiano da época: os filmes de zumbis e de canibais. Ou seja, é uma versão bem mambembe da mistura de Despertar dos Mortos, Zombie 2 e Cannibal Holocaust, mas com qualidade bem abaixo dos realizadores originais, mesmo assim obtiveram um considerável sucesso com Virus, apesar de uns probleminhas jurídicos por conta da trilha roubada do Goblin.


Mesmo assim, isto não quer dizer que seja um filme pra ser levado à sério. Achei ele bastante divertido, principalmente por suas falhas e sem muita enrolação, tirando os momentos National Geographic, indo direto ao ponto e nos dando o gore que tanto queremos.


O filme foi dirigido por Bruno Mattei, creditado como Vincent Dawn e Claudio Fragasso, que não foi creditado, talvez por vergonha do que tinha saído. O roteiro original de Fragasso previa que todo o terceiro mundo havia se transformado em zumbi, mas por restrições do orçamento isto ficou limitado apenas a Nova Guiné, embora tenha sido filmado na Espanha. De volta à Itália para fazer a montagem do filme, viram que as filmagens não eram suficientes e enxertaram cenas de outros filmes como Nuova Guinea, l'isola dei cannibali, Des Morts e La Vallée, muitas delas entediantes e desnecessárias.
O filme foi lançado ao redor do mundo com diversos títulos além do original Virus: Zombie Inferno, Hell of The Living Dead, Zombie Creeping Flesh, Apocalipsis Canibal, Virus: L'inferno Dei Morti Viventi, Night of The Zombies, e no Brasil ficou como Os Predadores da Noite. Nos Estados Unidos, também saiu com o título oportunista de Zombi 4.


Por todos os erros mencionados e muitos outros, a dupla Bruno Mattei e Claudio Fragasso é colocada ao lado ou abaixo de gênios do cinema como Ed Wood por seus atentados cinematográficos. A dupla trabalhou junto em pérolas como Os Sete Magníficos Gladiadores, Ratos - A Noite do Terror, Zombi 3, Strike Commando - Comando de Ataque, Emanuelle - A Detenta, Shoking Dark, Zombie 4, muitas vezes assinando através de pseudônimos - por que será?. Fragasso ainda participou do inesquecível Troll 2, com invejável nota de 2,7 - mas sabemos que estas notas não significam muito.
Um boa pedida para quem gosta dos velhos filmes toscos de zumbi.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Equinox (EUA, 1970)


Filme: Equinox
Diretor: Jack Woods, Mark Thomas McGee, Dennis Muren
Ano: 1970
País: Estados Unidos
Duração: 80 minutos
Elenco: Edward Connell, Barbara Hewitt, Frank Bonner, Jack Woods, Fritz Leiber Jr.

David (Edward Connell) corre desesperado pela floresta tentando escapar de algo desconhecido, até sair na estrada e ser atropelado por um carro sem motorista. Um ano e um dia depois, ele se encontra em um hospital psiquiátrico e um repórter tenta falar com ele mas, como não consegue estabelecer uma comunicação, o médico toca uma gravação onde David explica o que aconteceu naquele dia.

David foi chamado pelo Dr. Waterman (Fritz Leiber Jr.) para visitá-lo urgentemente em sua cabana na floresta. Com ele foram também o seu amigo Jim (Frank Bonner) e a namorada Vicki (Robin Christopher) e Susan (Barbara Hewitt). Chegando lá, se deparam com a cabana destruída. Do outro lado da montanha avistam um castelo e seguem em direção a ele. Porém, no caminho encontram uma caverna de onde ouvem risadas insanas e em volta avistam algumas pegadas estranhas.

Na caverna encontram um velho risonho e biruta que os entrega um grande livro antigo. Durante o piquenique, o Dr. Watermann surge sabe-se lá de onde, pega o livro e corre em disparada. Na fuga, ele cai e morre. Mas o mais estranho é que ele desaparece em seguida!


Eles abrem o livro e vêem algumas imagens de demônios, inscrições em uma língua estranha e algumas anotações do Dr. Watermann sobre o livro. Ele comenta que é uma espécie de livro dos mortos bastante antigo capaz de despertar demônios (já viram isso antes?).

Em seguida, Susan é atacada pelo guarda florestal Asmodeus (Jack Woods) - cujo nome já entrega suas reais intenções - que vai para cima dela babando e com a boca torta e ela parece nem se importar, mas ele desiste da investida ao ver o crucifixo da moça. A partir daí, Asmodeus, com seu anel mágico, invoca monstros gigantes para retomar o livro. Entidades malignas possuem Susan e Jim até que Asmodeus volta a sua verdadeira forma: um demônio alado -na verdade, Asmodeus é normalmente retratado como um demônio de três cabeças, mas acredito que a falta de orçamento cortou duas delas e os persegue até cruzar com uma cruz no cemitério e entrar em combustão. Mas não é tão simples assim se livrar do mal e uma entidade maligna avisa David que ele não pode fugir, e que irá morrer em um ano e um dia. Com Susan estirada ensanguentada no chão, David corre e voltamos à cena inicial.

Agora, um ano e um dia após o ocorrido, Susan se encaminha ao hospital com um sorriso maléfico no rosto. E fim. Ou não?


Equinox foi originalmente um curta feito de forma independente pelos estudantes de cinema Dennis Muren, Dave Allen e Jim Danforth em 1967 com o orçamento de $ 6.500. Uma pequena produtora chamada Tonylyn Productions gostou do filme e decidiu transformá-lo em um longa. Para isso, o editor da Tonylyn, Jack Woods dirigiu cenas adicionais, em que ele próprio atua como Asmodeus e finalmente o filme foi lançado em 1970. Os atores, se é que podemos chamá-los assim, são bem amadores, com reações exageradas, fazendo caras e bocas. O roteiro então, parece ter sido criado durante as filmagens. Mas isto não quer dizer que o filme não seja um bom entretenimento e não tenha pontos positivos, como os efeitos especiais em stop-motion e por ser uma grande influência para Sam Raimi fazer o clássico Evil Dead.


Quanto aos efeitos, o filme explora bastante o stop-motion para a animação dos monstros, o que, para quem gosta desta técnica incrível vai se divertir com este filme. O resultado pode não ser do nível de um Ray Harryhausen, mas funciona bem no filme e consegue ser mais convincente que muitas produções modernas que apelam para a computação gráfica. O que ficou mais esquisito nestas cenas é a sobreposição de imagens para os humanos interagirem com as criaturas, do que propriamente o stop-motion.


Sobre a sua influência em Evil Dead, é bastante clara, trabalhando com a ideia de jovens que vão à uma cabana na floresta e descobrem um livro maldito que pode invocar seres malignos e serem possuídos. Portanto, só por isto, este pequeno filme tosco já tem seus méritos por fazer Evil Dead um filme menos original.

Entre os atores, talvez o que mais se destavou foi Frank Bonner, que atuou e dirigiu diversas séries de TV. Já Fritz Leiber, que atua como o o Dr. Waterman, foi um escritor de ficção científica e horror. Jack Woods, que também é um dos diretores e roteiristas, trabalhou com o departamento de som, participando de filmes como Muralhas do Pavor, Jornada nas Estrelas III, Fantasma 2, Criaturas 2 e Corra que a Polícia Vem Aí 2 1/2.

Já a turma de efeitos especiais, que já se mostrava competente em produções anteriores foram os que mais tiveram destaque: David Alen fez Grito de Horror, Q - A Serpente Alada, Fome de Viver, A Coisa (junto com Jim Danforth), Bonecas Macabras, Trancers, Os Caça-Fantasmas 2, A Noiva de Re-Animator, Bonecos da Morte. Jim Danforth trabalhou em A Máquina do Tempo, As 7 Faces do Dr. Lao, Dark Star, 007 - Diamantes são eternos, Creepshow, O Enigma de Outro Mundo, História sem Fim, Dia dos Mortos e Comando Para Matar e na série The Outer Limits. 

Mas quem mais se destacou foi Dennis Muren, que trabalhou com efeitos especiais de grandes produções de Steven Spielberg, George Lucas e James Cameron, sendo o vencedor de 6 Oscars e tendo participado dos Guerra nas Estrelas, ET, Indiana Jones, O Exterminador do Futuro 2 e Jurassic Park, entre vários outros.