quinta-feira, 19 de junho de 2014

The Abomination (EUA, 1986)

Filme: The Abomination
Diretor: Bret McCormick (como Max Raven)
Ano: 1986
País: Estados Unidos
Duração: 100 minutos
Elenco: Scott Davis, Jude Johnson, Blue Thompson 
IMDb: 3,7


Logo nos primeiros minutos, são apresentados cenas da carnificina que está por vir, praticamente contando todo o filme. Tudo isso era um pesadelo de Coby e ele começa contar ao médico o que acontece nos seus pesadelos.

Cody vive com sua mãe doente que é viciada em programas televisivos de pregadores que exigem dinheiro dos fiéis, que lembram muito os programas que vemos atualmente na televisão em certos canais brasileiros. Ela acredita em tudo o que o irmão Fogg fala e, após uma prece em que coloca as mãos na TV, parece receber um tumor diretamente do aparelho.

Ela cospe o tumor e o joga no lixo, mas à noite o mesmo vai rastejando até o quarto de Cody e entra em sua boca enquanto ele dorme. Cody começa a passar mal, tossir e cuspir sangue, como se tivesse algo dentro dele, e não é que tinha mesmo?! Até que ele consegue expelir o tumor e, muito higienicamente, o deixa debaixo da cama. Imediatamente Cody se transforma e se torna possuído pelo tumor demoníaco que quer alimento, mas é folgado demais para ir procurar por si mesmo. Podemos facilmente notar quando está possuído quando está usando óculos escuros. Ele vai até a casa de sua amiga para matá-la, depois a deixa debaixo de sua cama e dorme tranquilamente. 

No dia seguinte, sem lembrar do ocorrido, se depara com um esqueleto ensanguentado debaixo da cama e percebe que o tumor cresceu e se transformou num monstro sedento por sangue. Mas a cada tossida de Cody, um novo tumor pulsante é expelido. Para alimentar sua nova família esfomeada, ele vai matar todos os seus conhecidos. Mata o seu amigo, e oferece a própria mãe para ser devorada. Seu chefe também não escapa e é morto tendo a cabeça serrada por uma motosserra, deixando escorrer seu cérebro melequento.



Cody também faz uma visita ao irmão Fogg. Ele entra escondido e deixa uma surpresa dentro de seu vaso sanitário: um dos seus tumores recém cuspidos e um gato. Sim, o tumor precisa se alimentar para crescer forte e saudável. Assim, quando o irmão Fogg vai "aos pés", o gigante tumor dentado (que não sei como ficou escondido na privada), literamente come a bunda do impostor Fogg.


Por fim, com sua casa transformada em um açougue, cheio de pedaços humanos e sangue por todo lado, sua namorada aparece para ver o que está acontecendo. Ela consegue atingí-lo com uma pá, mas aqui não temos heróis e ela é pega pela língua tentacular da asquerosa e tosca abominação cancerígena. 



Cody, em seu estado normal, trata tudo como um terrível pesadelo, mas talvez o pesadelo seja mais real do que ele imagina....



The Abomination é uma excelente e profunda análise psicológica de um assassino em série. Nada disso, é um filme tosco de doer, sem nenhum orçamento, resultando num divertido e sangrento filme trash, cheio de gore, nojeiras e jatos de sangue. Mesmo assim, podemos ver uma crítica ao fanatismo religioso e à cegueira e intolerância que isto pode causar, além de pastores que enriquecem se aproveitando destas pessoas. Cody não passa de um fiel cego que realiza todos os pedidos do seu tumor assassino. Enfim, são muitas análises que podem ser feitas deste filme complexo e filosófico.

Se por um lado os cinco minutos iniciais, que são uma espécie de melhores momentos do filme, são uma garantia de sanguinolência que está por vir, pelo mesmo motivo já acabamos sabendo basicamente todo o filme, só esperando pelas tais cenas.

O filme foi diretamente distribuído para vídeo, o que não é de se admirar, visto o orçamento praticamente inexistente e foi escrito e dirigido por Bret McCormick. Os efeitos são baratos e até funcionam bem (dentro do universo trash), as atuações são ótimas, também trashicamente falando, e o roteiro, bem... é um tumor assassino, oras!


O monstro do filme lembra levemente a planta carnívora da Loja dos Horrores (1960), de Roger Corman, em que seu dono precisa levar pessoas para alimentar a planta.

Quem quiser o filme para download, dê uma conferida no blog The Horror Trash.

domingo, 1 de junho de 2014

Feto Morto (Brasil, 2003)

Filme: Feto Morto
Diretor: Fernando Rick
Ano: 2003
País: Brasil
Duração: 58 minutos
Elenco: Di Babinski, Jajá, Paloma, Leandro, Zenom Gordo e Denise V.
IMDb: 3,1


João é um garoto como qualquer outro, mas com uma diferença. Ele nasceu com uma boneca, digo, um feto morto na cabeça, resultado de uma relação incestuosa que seu pai teve com a irmã. Ele têm problemas com um trio da pesada, liderado por Satan, que costuma passear pelas ruas espancando mães e pisando na cabeça de seus bebês, cortando as bolas e fazendo o seu dono engoli-las, matando deficientes, esfaqueando e queimando mendigos, entre outras atrocidades.  

Finalmente João, o nosso querido nerd perdedor e deformado, consegue um encontro com uma garota. A moça tem hábitos distintos de lamber o próprio absorvente ensanguentado, e se excita quando João vomita nela. Para saciá-la, ele apela para as divindades, ou seja, enfia uma estátua de santo nela.




Ainda tirando sarro da religião, vemos um padre pedindo dinheiro aos fiéis e o mesmo cheirando uma carreira de cocaína em nome de Jesus e queimando a bíblia.

João costuma apanhar do pai, até o dia em que decide se vingar envenenando a cerveja dele. Ele então foge de casa e vai encarar os perigos da cidade grande, mas é obrigado e passar a noite na rua, onde acaba mutilando um mendigo que o importuna. Cansado de só se dar mal, João faz macumba invocando o Exu, com quem faz um pacto. 


Com o Exu, João treina karatê até ficar pronto para enfrentar o trio perverso. Após facilmente surrar o casal de capangas de Satan, tem um luta disputada e coreografada com o chefão, até finalmente explodir sua cabeça com uma dinamite ACME. 

Como prêmio merecido, ele conquista uma garota (Denise V), que chega lhe mostrando os peitos e com quem têm um filho. Então temos um final a lá Nekromantik, com o bebê tarado se excitando com a mãe, que desfila pela casa com os peitos de fora, e ejaculando sangue.


Feto Morto é um filme é trash, divertido, com violência e nudez gratuitas, gore, humor negro, desmembramentos, escatologia e bizarrices de sobra e é totalmente politicamente incorreto, atirando contra todos os lados. No melhor estilo da Troma, ou pra ser mais próximo, da nacional Canibal Filmes.


Um filme feito à base de cerveja com os amigos e muito improviso, já que no quinto dia de gravação, o roteiro foi perdido. As gravações duraram um ano e as cenas iam sendo inventadas uma semana antes e os diálogos saindo no improviso. E no fim, ficou melhor que o planejado, segundo o próprio diretor. Tudo isso ao som de muito death metal/gore/grind, dando espaço para bandas nacionais, como podemos conferir durante a exibição do filme.
Feto Morto acabou se tornando um filme cult no circuíto nacional independente, sendo exibido em diversos bares e festas.

O filme foi dirigido por Fernando Rick em 2003, um ano após Rubão - O Canibal, o primeiro filme de sua produtora, a Black Vomit Filmes, fundada em 2000. Feto Morto foi lançado em 2003 e, além do formato em VHS, foi o primeiro filme de uma produtora independente a sair em DVD. 

Ainda temos a ilustre presença de Denise V, que fez vários filmes de horror independente, como Blerghhh! (1996) e Zombio (1999), da Canibal Filmes.

Depois de Feto Morto, Fernando dirigiu o curta Coleção de Humanos Mortos, que fez parte da antologia 3 Cortes, com uma proposta menos trash e mais como um horror sério e realista. Ele também dirigiu documentários de bandas de hardcore, como o excelente Guidable - A Verdadeira História do Ratos de Porão e Desagradável, um documentário sobre a banda Gangrena Gasosa. Também produziu o videoclipe Pedra, do Mukeka di Rato e Covardia de Plantão, do Ratos de Porão, entre outros. Ainda fez um curta de drama, chamado Ivan.

Rick também participou do programa Trash - A Série, do Canal Brasil, onde são entrevistados os principais nomes do cinema independente nacional, como Petter Baiestorf, Gurcius Gewdner, Kapel Furman, Felipe M. Guerra, Joel Caetano, Rodrigo Aragão, Pepa, entre outros. Vale a pena dar uma conferida!


O blog já tem mais de um ano e era realmente uma falha não ter postado ainda nenhum filme brasileiro. E Feto Morto é um bom representante do trash/gore nacional. Em breve virão outros.