domingo, 15 de fevereiro de 2015

The Fly (EUA, Reino Unido, Canadá, 1986)

Filme: The Fly / A Mosca
Diretor: David Cronenberg
Ano: 1986
País: Itália
Duração: 96 minutos
Elenco: Jeff Goldblum, Geena Davis, John Getz


Seth Brundle (Jeff Goldblum) é um cientista solitário que está há anos trabalhando em uma máquina de tele transporte. Após quase concluído o seu projeto, ele vai socializar um pouco em uma convenção com inúmeros cientistas. Lá ele conhece Verônica (Geena Davis), uma repórter de uma revista de ciência atrás de alguma inovação revolucionária, coisa que todos do local prometem, mas Brundle consegue convencê-la a conhecer sua casa dizendo que os outros estão mentindo, ele não.

No caminho ele se mostra enjoado com o passeio, e explica que isto o motivou a criar uma outra forma de transporte. Chegando à sua residência, que mais parece um galpão abandonado, Brundle apresenta a sua criação, que se trata de duas cabines com formato de um casulo cibernético, chamadas de telepods e um computador que interpreta e executa o tele transporte desintegrando a carga genética de um objeto no primeiro telepod e o reintegrando no segundo. Ele faz uma demonstração com uma meia de Verônica, deixando-a impressionada e achando ter encontrado um grande furo de reportagem.


Mas ainda havia um problema: era preciso testar a máquina com algo orgânico. Assim, no teste seguinte, Brundle submete um babuíno ao tele transporte, mas com um resultado catastrófico, transformando-o em um amontoado agonizante de carne e ossos. Pouco tempo depois, Brundle tem a ideia de testar o tele transporte com um bife (podia ter feito isso antes de despedaçar o pobre animal) no mesmo lugar que acabara de explodir o animal e dar para Verônica experimentar a carne, que segundo ela, ficou com um gosto sintético. 


Isso faz Brundle ter uma ideia de como resolver o problema e faz rapidamente as correções no software. Confiante na sua capacidade de programador, ele testa novamente em um babuíno, mas desta vez a máquina parece funcionar e o mesmo aparece no outro telepod, alguns metros distante.

Brundle decide comemorar a conquista com Verônica, com quem já estava tendo um relacionamento, mas no meio da noite ela decide sair e resolver uns assuntos com seu ex-namorado, o sacana Stathis Borans, que é o seu editor-chefe.

Desanimado e bêbado, o enciumado Brundle continua fazendo mal aos animais, desta vez resmungando sobre o seu relacionamento com o babuíno quando, em um acesso de loucura, Brundle decide testar em si mesmo o tele transporte. Ele entra no primeiro telepod, mas não percebe que com ele também entra uma mosca. O processo de tele transporte é ativado e ele sai aparentemente normal no outro telepod.


Pequenas mudanças passam a ocorrer com ele, como a rápida cicatrização, o crescimento de pelos por seu corpo e o gosto por coisas cada vez mais doces. Ele ganha um incrível e incansável apetite sexual, sentindo-se muito mais forte e disposto. Isso o faz usar o tele transporte de forma compulsiva, tornando-se frenético e viciado neste processo. Em seguida sua pele começa a ficar gosmenta enquanto mais pelos começam a aparecer e vai tomando características monstruosas. No início isto o deixa desesperado, mas depois, acaba aceitando com certo humor, aproveitando suas qualidades, como poder andar pelas paredes e pelo e teto e até mesmo ironizar sua situação em que começa a perder unhas, dentes e partes do corpo, os quais vão guardando no que chama como o Museu de História Natural do Brandlemosca. Ele até mesmo pede para Verônica gravar um vídeo em que ele mostra às crianças como é a sua nova forma de ingerir alimentos: vomitando sobre a comida para decompô-la e então poder sugá-la.


Brundle descobre através do computador que, além dele, havia uma mosca na cabine durante o tele transporte, e que o computador, por não saber interpretar a situação, acabou combinando o DNA dos dois, fundindo-os no mesmo ser.

Mesmo quando Brundle ainda não era o Brundlemosca, ele já podia ser visto como estranho, já que vivia distante da sociedade. Conforme vai se transformando em mosca, vê que sua humanidade está dando lugar a instintos mais primitivos e agressivos, que pode muito bem ser uma metáfora aos seus já existentes instintos, agora potencializados pela fusão. Por isso, pede que Verônica se afaste, com medo de fazer mal à ela. 


Verônica descobre que está grávida e desesperada pede ajuda à Sthatis, que tanto desprezava. Ela sonha e se vê dando à luz a uma gigante e nojenta larva (cujo médico é o próprio Cronenberg) e quer abortar a todo custo, independente de saber se o feto está normal ou não. Brundlemosca, em uma cena que lembra muito os antigos filmes de monstros, atravessa a janela de clínica onde Verônica iria ser abortada e sai com ela em seus braços, pedindo que não mate seu filho, pois é o que ainda lhe resta de humanidade.
Por fim, de volta à sua casa, Brundle vê como solução para impedir que o seu lado mosca o domine, passar repetidas vezes pelo tele transporte com outro humano, para assim, superar o lado mosca. Sua intenção é fundir-se com Verônica e o bebê em ser só, mas o processo é interrompido por Sthatis que atira no cabo que liga as cabines. Ainda assim, Seth passa sozinho pelo tele transporte, que o torna em um repugnante ser em decomposição que, finalmente é eliminado tendo a cabeça explodida por um tiro, nos restando a dúvida de quem realmente é o vilão da história.


Na última vez que revi o filme, como tinha lido A Metamorfose, de Kafka, há pouco tempo, foi inevitável fazer uma comparação entre as duas obras. Enquanto de um lado Gregor Samsa vai se transformando em uma barata e sendo abandonado pela família, por não poder mais sustentá-la, por outro, Brundle ao tornar-se Brundlemosca, passa a ser repudiado pela repórter que parecia mais interessada nele como notícia. As características da obra de Kafka são somadas às do cinema de Cronenberg, dando ênfase ao lado da carne, sexo, o impacto da medicina e tecnologia, as relações humanas. Tudo isto sustentado por efeitos escatológicos e repulsivos, que funcionam bem e impressionam até hoje, tanto que lhe rendeu o Oscar de melhores efeitos especiais e maquiagem.


Ao contrário de muitos filmes de monstros e nojeiras dos anos 80, A Mosca está longe de ser um filme raso. Em certo momento Seth toca em assuntos filosóficos complexos, como quando diz:
“Você tem medo de ser destruída e recriada, não tem?" 
"Mas você só conhece sociedades que veem a carne de modo tradicional. Você não consegue penetrar além do medo terrível e doentio da carne.” 
"Não se trata de penetração sexual, mas sim da penetração além do véu da carne."

A Mosca é um remake do filme A Mosca da Cabeça Branca (The Fly, dirigido por Kurt Neumann em 1958, baseado em um conto de George Langelaan) em que Vincent Price é o cientista e que após o tele transporte, ganha características da mosca enquanto a mosca fica com as suas. O filme ainda teve a continuação O Monstro de Mil Olhos (Return of The Fly, 1959), também com Vincent Price. Já A Mosca de Cronenberg, tem poucas características em comum com o filme original, partindo para uma proposta mais existencialista e ambientado nos anos 80, contemplando diversas inovações científicas e tecnológicas desde o primeiro filme. Quando lançado, o filme fez bastante sucesso tanto de público como crítica e é um dos raros casos em que o remake é superior ao original, ao meu ver. A Mosca teve uma sequencia em 1989, mas sem a direção de Cronenberg e sem o mesmo sucesso. Ambos filmes foram produzidos pela Brooks Films, de Mel Brooks.

Um grande filme de ficção científica e horror que deve ser visto e revisto por todos.

Hotel Inferno (Itália, 2013)

Filme: Hotel Inferno
Diretor: Giulio De Santi
Ano: 2013
País: Itália
Duração: 80 minutos
Elenco:  Rayner Bourton, Jessica Carroll, Michael Howe 

Um assassino de aluguel chamado Frank Zimosa é contratado por Jorge Mistrandia, um misterioso milionário que lhe dá a missão de eliminar um casal de assassinos brutais que está hospedado em um hotel. Frank ganha um óculos que filma os seus passos, podendo se comunicar com Mistrandia, receber fotos e vídeos e deve usá-lo durante as execuções.

Frank não apenas precisa matá-los, mas fazer uma espécie de ritual com alguns instrumentos antiquados esmagando seus crânios e extraindo seus cérebros. Mesmo contrariado, Frank realiza o primeiro assassinato brutalmente extraindo o cérebro. Neste momento ele descobre que a vítima também usava um óculos igual ao seu, o que deixa Frank emputecido mas mesmo assim vai ao encontro do outro assassino, que estava no banheiro. Este é um ser deformado que alerta Frank que ele se tornará igual a eles. Frank, após explodir sua cabeça com um tiro, destrói os óculos e desiste da operação, mas Mistrandia ainda pode se comunicar com ele por auto-falantes espalhados pelo hotel e adverte que o local está repleto de seus homens.



Rapidamente começam a caçá-lo pelo hotel e os capangas vão sendo mortos cruelmente por Frank, principalmente tendo os crânios esmagados, decapitados ou explodidos. Frank encontra quartos secretos, inclusive um que aparenta ser uma caverna, com chão de terra e totalmente escuro, onde vivem os homens de Mistrandia. Lá encontra com um dos capangas que aparece com uma motosserra, mas o idiota acaba se decepando com a própria arma.

Pouco vai acontecendo, apenas novas formas de matar vão sendo praticadas por Frank até que ele é capturado e têm a mão esmagada por um capanga de Mistrandia, enquanto este revela à Frank que existem seres de outras dimensões que para ficarem no seu mundo, precisam de muita violência neste mundo, caso contrário, alguns deles podem passar a barreira e entrar em nossa dimensão. Ele conta que desde a idade média, sua família é responsável pela peste negra, para gerar muita dor e violência e manter as coisas equilibradas. Agora, Mistrandia possui alguns destes monstros, mas eles exigem que se faça muita dor para viverem em harmônia.


Mas não sei do que estes seres teriam a reclamar de Frank, já que ele, na tentativa de fugir, acaba mantando muitas pessoas de forma extremamente violenta, apenas sem fazer o tal ritual, que deveria ser enviado digitalmente aos monstros através dos óculos. Olha só que modernos estes monstros ancestrais! E bastariam ver as constantes atrocidades causadas pelos humanos para estarem mais do que satisfeitos...

De qualquer forma, o desequilíbrio já está feito e uma das criaturas aparece no hotel em uma nuvem negra e cuspindo fogo, matando os que aparecem à sua frente. O nosso "herói" consegue matar a criatura atirando em sua cabeça cadavérica e a esmigalhando com os pés, mas este mal não é assim tão fácil de ser eliminado e mais uma vez Frank é capturado. Desta vez ele torna-se a vítima e precisará ser sacrificado para alimentar a sede de dor e agonia das criaturas infernais.


Dirigido por Guilio De Santi, da produtora Necrostorm, Hotel Inferno se assemelha com os seus filmes anteriores no que se refere aos altos níveis de violência e por não ter a divisão entre bem e mal nos seus personagens. Desta vez, o filme tem o objetivo de lembrar um jogo de tiro em primeira pessoa, no estilo de Doom, Quake, Duke Nukem, entre tantos outros. O personagem principal não aparece, apenas vemos sua visão e vamos acompanhando suas ações. Assim como nos jogos, ele possui uma missão, tem que enfrentar inimigos de diferentes dificuldades, vai sofrendo danos e pode se recuperar com kit de primeiros socorros, vai encontrando itens, armas e áreas secretas, precisa criar estratégias para sair de salas, além de possuir um chefe final. Até sua voz forçada lembra a dos jogos como Duke Nukem.

A ideia de filmagem em primeira pessoa até é interessante, mas o roteiro é bem fraquinho e o filme acaba ficando um pouco repetitivo, apenas com Frank fugindo e matando quem aparecer pela frente. De qualquer forma, vale pela carnificina exagerada e nada mais. Portanto, não muito recomendável aos que procuram algo além disso. 

Para complementar, foi incluído um ser inominável de outra dimensão que parece ter vindo de um conto de H.P. Lovecraft, mas que diferente das criaturas do autor, o monstro do filme acaba aparecendo demais e de forma toscamente computadorizada. Talvez ficasse melhor não mostrar tanto, mas enfim.
Segundo o site da Necrostorm, já está prevista uma continuação para 2015.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Taeter City (Itália, 2012)

Filme: Taeter City
Diretor: Giulio De Santi
Ano: 2012
País: Itália
Duração: 72 minutos
Elenco: Monica Muñoz, Riccardo Valentini, Santiago Ortaez

Taeter City é uma cidade dominada pelas autoridades e corporações. Até aí nada de novo. Para evitar o crime, é desenvolvido o sistema Zeed, que se trata de antenas que geram ondas que podem ser captadas apenas pelos criminosos, já que estes possuem uma alteração cerebral, e isto os leva a cometer suicídio. Em seguida, alguns agentes são enviados para, de uma forma muito humana, acabar com o sofrimento deles, com um tiro na cabeça. Estes também possuem uma luva com lâminas invisíveis, capazes de facilmente cortar corpos ao meio.

Este sistema é operado pela rede de fast food Taeter Burger, que aproveita os restos dos corpos dos delinquentes para seus deliciosos lanches, incluindo coisas como o suco de sangue, bundas torradas com morcilha e olhos de petisco. A Taeter Burger, por sua vez, é controlada pelo governo, desta forma a população pode ficar tranquila e bem alimentada.
Mas um dos criminosos em potencial sofre mutações em decorrência das ondas de rádio e além de ser imune a elas, torna-se capaz de, com seu grito, produzir ondas alteradas que causam mutações àqueles que às escutam, tornando-os psicopatas assassinos.



Basicamente esta é a história do filme. O que acontece à seguir são os agentes caçando o assassino mutante, mas antes terão que eliminar aqueles que se transformaram com o berro do maluco. Baldes de sangue são jorrados enquanto pessoas são rasgadas, mutiladas, seus crânios são esmagados, entre uma infinidade de formas de brutalidade.
Assim como Adam Chaplin, também da produtora Necrostorm, Taeter City contém um gore agressivo, com uma violência gráfica exagerada, mas, neste caso, com menos efeitos de computação gráfica, e mais práticos, com ótimos resultados, o que me fez gostar mais deste em relação ao primeiro filme, também por ter mais humor negro. 




A história até tem uma premissa interessante, mesmo em alguns momentos se tornando cansativa, mas vejo o gore como o principal atrativo do filme, assim como todos os filmes da Necrostorm, onde a história fica em segundo plano. Outra coisa bacana, são os cômicos comerciais da Taeter Burger, cujo anunciante é até mais marcante que os próprios protagonistas. Estes comerciais lembram filmes como Robocop e Tropas Estelares, de Paul Verhoeven e Tokyo Gore Police, de Yoshihiro Nishimura, entre vários outros, que também utilizam este recurso para retratar mundos violentos e dominados pelas corporações com métodos desumanos. A filmagem parece meio amadora e tem uns filtros de imagem diferentes, mas o maior ponto fraco do filme são as péssimas atuações, ruins até para um filme trash. A agente Navalha, por exemplo, que seria uma das protagonistas, não tem expressão alguma. 




Taeter City, embora menos exagerado, parece se passar em um universo semelhante ao de Adam Chaplin. Um futuro pós-apocalíptico em que a maioria das pessoas é deformada e usa máscaras, e todas são cruéis, sejam elas autoridades ou criminosas.
O diretor ainda fez o filme Hotel Inferno, utilizando o mesmo padrão de violência exagerada, mas mostrando a visão de um assassino, simulando um jogo de primeira pessoa. Entre os projetos previstos para 2015 está um chamado Taeter Scumsquad, que me parece uma continuação ou algo relacionado ao Taeter City.

Banana Motherfucker (Portugal, 2011)

Filme: Banana Motherfucker
Diretor: Fernando Alle, Pedro Florêncio
Ano: 2011
País: Portugal
Duração: 16 minutos
Elenco:  Fernando Alle, Ana Lúcia Chita, Pedro Florêncio

Depois de um longo período de férias bloguísticas, o Trashinema está de volta matando sua fome pelo mal feito. Peguem o pote de bananas e divirtam-se!

Uma equipe vai a uma ilha peruana, famosa por lendas macabras, filmar o que seria o filme de terror mais realista e apavorante de todos os tempos. 
No decorrer das filmagens, um dos integrantes come uma banana encontrada na ilha e em pouco tempo todos ficam desesperados com o misterioso ataque de bananas assassinas que saltam e voam, atravessando corpos, decepando membros, enfiando-se em lugares impróprios e ainda contando com as trapalhadas dos sujeitos que vão entrando em situações acidentais resultando em outras situações inusitadas e sangrentas.
Um deles, mesmo após ter uma banana cravada em seu olho, consegue fugir, mas não se dá conta que com ele vai uma casca de banana.



Um tempo depois, na cidade, aquela casca de banana contamina outras bananas, que passam a agir de forma inesperada, e começarão um verdadeiro massacre, atacando as pessoas das mais variadas formas, vingando as milhares de gerações anteriores de frutas dizimadas pelos humanos.



Banana Motherfucker retoma os filmes trash, em que seres inanimados ganham vida e tornam-se assassinos. Neste caso, as frutas, como acontece com O Ataque dos Tomates Assassinos, mas também trazendo características de filmes como Cannibal Holocaust e Evil Dead.
Este curta é dirigido pelos portugueses Fernando Alle e Pedro Florêncio, que mantém o grupo Clones - Produções de Merda, que também tem no currículo obras como Papá Wrestling e BLARGHAAARHGARG, todos recebendo prêmios em diversos festivais.