domingo, 18 de maio de 2014

La Nave de Los Monstruos (México, 1960)

Filme: La Nave de Los Monstruos
Diretor: Rogelio A. González
Ano: 1960
País: México
Duração: 81 minutos
Elenco: Eulalio González, Ana Bertha Lepe, Lorena Velázquez
IMDb: 7,0


O planeta Vênus sofre um sério problema: a falta de homens! Para solucionar isto, duas destemidas mulheres venusianas, Gamma e Beta, são enviadas ao espaço para coletar espécimes masculinos para repovoar o planeta. A nave é cheia de equipamentos estranhos e inúteis, luzinhas piscantes e sons que parecem o piripaque do Chaves. Com elas também vai o robô Tor, uma espécie de Wikipedia de lata, com milhões de verbetes na memória.
Elas sequestram alguns exemplares de machos em vários planetas e os transportam congelados. Eles são monstros asquerosos e toscos ao extremo, que você mesmo pode fazer em casa! São eles: Tagual, um baixinho com cérebro gigante exposto; Uk, um ciclope; Zok, um amontoado de ossos com voz grossa e Crassus, um monstro aranha.

Crassus
Zok
Tagual
Uk




















Pergunto-me se o desespero delas é tanto para se relacionarem com tais criaturas. Mas prefiro acreditar que elas são mulheres com iniciativa e não ligam muito para a aparência. 
A nave começa a apresentar problemas e são obrigadas a parar no planeta mais próximo, o Antarssis 135-Sub-2, que supostamente é povoado por seres inteligentes (ou nem tanto) e humanos, assim como elas.

Mas, assim como os marcianos do filme de El Santo, as venusianas vão parar no México, em Chihuahua, mais especificamente. Lá conhecem Lauriano, uma espécie de Barão de Münchhausen mexicano que adora contar histórias absurdas e ficar cantarolando por aí. Entre suas histórias, ele fala como fez para dar dois tiros com uma única bala, como se deparou com dinossauros e como enfrentou um urso munido de uma vara.



Logo ao conhecê-lo, elas usam a sua arma paralisadora, bastante semelhante à aquela corneta do Chapolin. As duas e o robô são abrigados por Lauriano que depois de uma conversa, explica-lhes o que é o amor, algo desconhecido para elas. É claro que ele faz isso cantando mais uma de suas canções. As duas acabam brigando por Lauriano e Beta é ordenada a se retirar.
Chateada com isso, Beta transforma-se em uma vampira capaz de voar com sua capa! Assim ela vai atacando homens e sugando seu sangue. Mas parece que isso é algo proibido em Vênus e Beta é condenada à desintegração.


Gamma se distrai e Beta toma conta da situação e a tranca na nave enquanto solta os pavorosos monstros. Os monstros vão apavorando o povoado, um deles mata a vaca de Lauriano, sobrando apenas os seus ossos. Lauriano segue as pegadas do monstro e tem um confronto com ele, sempre mantendo o bom humor e fazendo piadinhas o tempo todo.
A seguir, feito de refém por Beta, Lauriano começa mais um número musical e, enquanto a venusiana está distraída cantando e dançando, ele pega o cinturão caixa de controle dela. Desta forma, apertando todos os botões, ele consegue entrar na nave e salvar Gamma.
Com o desfecho se aproximando, Gamma, Tor, Lauriano e seu sobrinho terão que impedir que Beta e os monstros dominem o mundo. Mas a solução é tão fácil e patética que chega a ser engraçada.

Beta, ao tentar atacar Gamma, cai cravada em um galho pontiagudo e morre. Enquanto isso, Lauriano e seu sobrinho duelam arduamente com os monstros, mas nada que uma criança não consiga impedir as terríveis ameaças intergalácticas. O menino domina o monstro com cérebro gigantesco e vazio e consegue matá-lo atirando uma pedra com seu estilingue no olho do monstro. Já Lauriano, genialmente faz o monstro "morder-se a si mesmo" o envenenado, sempre com suas performances e piadas a lá Trapalhões.
Por fim, como previsto, Beta fica na Terra com Lauriano, enquanto Tor volta à Vênus com sua nova paixão: a jukebox de Lauriano!




A Nave dos Monstros é uma divertida comédia de ficção científica/horror nos moldes dos filmes dos anos 50, abusando da tosquice. Temos de tudo neste filme: alienígenas, viagens espaciais, robôs, vampiras, tem romance e ainda consegue ser um musical rancheiro. Tudo isso em pouco mais de 80 minutos. Imagino que os produtores mexicanos tenham tido como uma das influências o Plan 9 From Outer Space, do genial e incompreendido Ed Wood. Outra coisa que nos vêm à mente é o episódio Planeta Selvagem (Aventuras en Un Planeta Habitado Por Salvajes Que Aunque Parezca Mentira, No Es La Tierra) do Chapolin em que ele vai atender o chamado das indefesas venusianas.

As inúmeras músicas durante o filme se devem à presença de Eulalio González, o Piporro, um cantor muito popular no México, que também atuou em dezenas de filmes. Já as garotas, foram as vencedoras do Miss México de 1959 e 1960, Ana Bertha Lepe e  Lorena Velázquez. Lorena, a Beta do filme, fez diversos filmes de horror e lucha libre, atuando em vários dirigidos por René Cardona, como Las Luchadoras Contra La Momia (1964) e Las Luchadoras Contra El Médico Asesino (1963). Ela também participou de filmes com o astro El Santo, como em Santo Contra Los Zombies (1962, de Benito Alazraki), Santo Vs. Las Mujeres Vampiro (1962, de Alfonso Corona Blake) e Atacan Las Brujas (1968, de José Diaz Morales).

Lorena Velázquez

Fui dar uma olhada na avaliação do filme no IMDb já esperando uma nota 3 ou 4, mas assustadoramente, está com a nota 7.0! Uma das mais elevadas dos filmes aqui do blog. Praticamente um Cidadão Kane dos filmes B. Acredito que isto se deve por ser um filme pouco conhecido e as poucas avaliações são de entusiastas de filmes ruins. Mas, pode-se dizer que é um bom filme ruim, em que suas falhas e roteiro infantil são suas maiores qualidades e que tornam o filme tão divertido.

Eu já tinha visto blogs falando sobre este filme e só as imagens dos monstros já me deixaram com vontade de assisti-lo. Mas foi só recentemente que consegui vê-lo, quando o excelente blog Cine Space Monster disponibilizou o filme com legendas para download. O filme também está completo no Youtube.


Fontes: 
http://cinespacemonster.blogspot.com.br/2012/08/a-nave-dos-monstros-1960.html

domingo, 11 de maio de 2014

Plaga Zombie: Zona Mutante (Argentina, 2001)

Filme: Plaga Zombie: Zona Mutante
Diretor: Pablo Parés, Hernán Sáez
Ano: 2001
País: Argentina
Duração: 101 minutos
Elenco: Berta Muñiz, Pablo Parés, Hernán Sáez 
IMDb: 5,9


Após a contaminação que zumbificou toda a cidade, descobrimos o motivo da epidemia. O governo havia feito um pacto com os alienígenas para testar um vírus em uma área limitada, mas rapidamente a cidade inteira foi contaminada tornando todos em zumbis, com exceção dos nossos três heróis.

Agora, eles são liberados pelo FBI e deixados novamente na cidade repleta de zumbis multicoloridos. Max Giggs, Bill Johnson e John West, que de alguma forma se recuperou da morte no filme anterior, juntamente com mais alguém deixado em um saco e que é carregado por eles por boa parte do filme.

Rapidamente os zumbis aparecem e se iniciam os confrontos e fugas. Uma coluna arrancada pelo pescoço, zumbis rasgados ao meio e um braço usado como arma são alguns destaques do primeiro duelo. A comédia também está presente durante todo o filme. Em uma das cenas, Bill se depara com um zumbi segurando seu intestino “peidante” e o usando como uma mangueira de fluídos fecais. Sua própria arma acaba munindo o adversário, que pega o intestino, sai correndo e depois o amarra com ele.  



Max e Bill, tentando encontrar a saída da cidade, descobrem que estão ilhados e não há como escapar. Neste instante Bill encontra um agente do FBI que possui um DISQUETE (sim, o filme se passa no longínquo ano de 1997), com o mapa da única saída da cidade.


Com o disquete, o trio vai até a casa de Max para usar o computador e tentar abrir o mapa, porém, a decodificação do mesmo levaria 12 horas!  A informática ainda tinha muito a evoluir.
John inocentemente atende a ligação do FBI e informa a sua localização, o que faz com que os mesmo tenham que sair da casa, enquanto o computador fica processando.


Rodeados por uma legião de zumbis, percebem que os mesmos ficam catatônicos olhando para o céu e são controlados por uma nave alienígena. Esta cena me lembrou a do filme brasileiro Zombio (1999) de Petter Baiestorf. 

Eles vão à casa de John e Bill percebe que as facas misteriosamente desapareceram. Enquanto John e Max se divertem em um momento videoclipe de ídolo e fã, com as canções do passado famoso de John West, Bill abre o saco e de lá saí um garoto bobo e muito chato, também chamado Max e que, por coincidência também é grande fã de Bill. Isto deixa Max Giggs enciumado e raivoso por perder a atenção.

Matar zumbis com garfos e colheres não é pra qualquer um


Quando Bill e John saem atrás de suprimentos, Max não controla sua raiva e acaba por esquartejar o corpo do novo Max. Logo a seguir a casa é invadida por zumbis e Max é atacado.
Pra complicar, após as 12 intermináveis horas de decodificação do disquete, é necessário inserir o segundo disco.

Os remanescentes sofrem um ataque surpresa e acordam em um caminhão carregado de humanos e são deixados no comitê central dos zumbis. A sociedade dos zumbis é organizada e sindicalizada, e agora comandada por Max, que se transformou parcialmente em zumbi. 


Eles são salvos pelos rebeldes que chegam massacrando os rebeldes das mais diferentes formas e mostram-se os responsáveis pelo desaparecimento das facas da cidade.
Neste momento os três se desentendem e discutem sua relação. Após discurso inspirado (e com direito à cola), eles voltam a se unir. 


Os rebeldes parecem se divertir ao facilmente ir exterminando os zumbis, mas eles se enganam se pensam que o desfecho será assim tão tranquilo. Os seres começam a se decomporem, mas ainda contarão com uma ajuda externa, provando a profundidade e as muitas camadas deste filme. 
Não se desespere, a aventura ainda não chegou ao fim! Continua em Plaga Zombie: Zona Mutante: Revolución Tóxica.

Plaga Zombie: Zona Mutante, apesar de feito 4 anos depois, é a sequencia direta do primeiro filme, acontecendo alguns minutos após os fatos finais do anterior. Com um orçamento de $ 3000, seis vezes maior que o primeiro, mas ainda baixíssimo, eles fizeram um ótimo filme dentro de suas possibilidades, apresentando muitas evoluções técnicas. Os efeitos são funcionais, é até bem filmado, com diálogos engraçados e existem boas cenas de lutas, com direito à uma edição com cortes rápidos. 
Plaga Zombie: Zona Mutante é repleto de humor com cenas hilárias e muitas mortes criativas. Ainda conta com composições próprias, como a música de John West, cena que mais parece um videoclipe, coisa que a produtora acabou fazendo bastante.
Os argentinos da Farsa Producciones conseguiram algo não muito comum no cinema: fazer uma sequência melhor que o filme original. Fizeram bem ao explorar mais do universo criado com o primeiro filme, contando com um trio de heróis carismáticos e engraçados, que lembram outros matadores de zumbis/aliens como Lionel do Fome Animal, Ash do Evil Dead e a turma do Bad Taste.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Ilsa: She Wolf of the SS (Canadá, 1975)

Filme: Ilsa: She Wolf of the SS / Ilsa, a Guardiã Perversa da SS
Diretor: Don Edmonds
Ano: 1975
País: Canadá
Duração: 96 minutos
Elenco: Dyanne Thorne, Gregory Knoph, Tony Mumolo
IMDb: 5,2


Ilsa é a comandante do Campo 9 da SS que, diga-se de passagem, tem seios fartos e usa decotes generosos (falo isso pois é um ponto fundamental do filme). Ela tem o hábito de satisfazer suas necessidades sexuais com os prisioneiros, garantindo a eles que não precisarão voltar ao campo de concentração. De fato não voltam, já que, após o ato a viúva negra ordena que eles sejam mortos por castração. 

Ela examina as mulheres nuas, que serão usadas para "servir" aos soldados. Outras são torturadas para provar uma teoria de Ilsa, a qual ela acredita que as mulheres são capazes de suportar mais dor que os homens, visando recrutar mais mulheres às tropas da SS para mandá-las à combate, estando preparadas para os possíveis sofrimentos. Vale ressaltar que as oficiais ajudantes de Ilsa, por algum motivo apelatório ou fetichista, costumam ficar com os peitinhos à mostra dando chicotadas nas pobres prisioneiras.
Entre outras torturas aplicadas, são usados vibradores eletrificados, câmaras de pressão, mergulhos em água fervente e deixar as prisioneiras com feridas expostas por dias, criando vermes. Chegam até mesmo à infectar uma delas com pus gangrenado, buscando uma cura para usar nos soldados.


Ilsa não tolera que os homens falem com as mulheres e os mesmos são punidos com a morte. Como boa nazista que é, ela considera que as raças inferiores, têm membros inferiores. Mas, certo dia chega ao Campo 9 um homem chamado Wolfe, que enlouquece Ilsa por ter o super poder de se manter ereto o quanto quiser, o que faz com que seja mantido vivo, satisfazendo regularmente a safadinha da Ilsa.
Em outra das muitas crueldades, uma prisioneira é colocada nua em cima de uma barra de gelo com uma forca no pescoço, enquanto os oficiais jantam e se divertem esperando que ela morra. 


Um general aparece para vistoriar os trabalhos de Ilsa e quando os dois estão à sós no quarto, ele aproveita para pedir à ela uma chuvinha molhada! 
Depois de várias noites com Ilsa, Wolfe promete algo diferente a ela. Neste dia, ele a amarra na cama e Ilsa parece gostar de ser submissa por uns instantes, quando Wolfe pega a arma dela e faz um guarda de refém. Os prisioneiros, que haviam planejado uma rebelião com as prisioneiras, saem armados com paus e facas e vão matando guardas. O desejo por vingança os torna extremamente cruéis, enforcando, cortando pescoços, metralhando e empilhando corpos enquanto os guardas vão saindo de seus acampamentos.
Wolfe decide fugir mas os outros preferem ficar e continuar com a sangrenta vingança. Isto até que as tropas alemãs chegam matando a todos, desde os prisioneiros até Ilsa, destruindo o acampamento para que as tropas aliadas não encontrem registros do era feito naquele lugar.


Ilsa é um bom exploitation dos anos 70 e talvez o melhor filme de uma de suas muitas ramificações, nomeado como Nazisploitation (depois falaremos mais sobre isso). Se por alguma razão, você acha que este filme faz alguma apologia ao nazismo, os dizeres iniciais do filme já deixam bem claro a posição dos produtores, esperando que coisas como estas nunca mais venham a acontecer. Mas também não dá pra dizer que não são oportunistas, fazendo dinheiro com um filme dedicado à estas atrocidades.

O que mais assusta no filme é que, apesar do exagero, muitas destas brutalidades foram realmente cometidas e a Ilsa foi baseada em uma pessoa real, Ilse Koch. Ela era esposa do comandante dos campos de extermínio de Buchenwald. Ilse tinha o hábito de usar pedaços de peles tatuadas de prisioneiros como cúpulas de abajures. Ela também costumava andar nua nos campos de concentração com um chicote, ameaçando surrar aqueles que a olhavam duas vezes. Isso lhe rendeu apelidos carinhosos como "a maldita de Buchenwald" ou "a bruxa de Buchenwald", entre outros.



Outra coisa interessante do filme é mostrar que em uma guerra, todas podem ser cruéis. Uns por seguirem ordens de uma ideologia fascista, outros por serem violentados e buscarem vingança. 

Enfim, é um bom filme com história interessante e bom final. Ainda rende certo humor por conta dos personagens estereotipados, o sotaque de Ilsa e o fetiche do general, além de boa dose de nudez e visual sadomasoquista.


O Nazisploitation, como o nome já sugere, é um subgênero do exploitation que vai de encontro com outro subgênero, o WIP (filmes de mulheres prisioneiras) explorando às atrocidades cometidas pelas tropas alemãs durante a segunda guerra mundial. Estes filmes, além de abusarem de cenas de violentas torturas, também apelam para fator erótico, geralmente com prisioneiras nuas e, no caso de Ilsa, a própria comandante e suas assistentes. 


Mesmo que o Nazisploitation tenha ficado mais conhecido com Ilsa, A Guardiã Perversa da SS (Ilsa: She Wolf of The SS, 1975), dirigido por Don Edmonds e que eternizou Dyanne Thorne como a cruel musa do gênero, o primeiro filme do gênero foi Love Camp 7, de 1969, dirigido por Lee Frost, que também fez muitos filmes de exploitation. 

Dyanne Thorne em 1976 fez Ilsa, Harem Keeper of The Oil Sheiks, também dirigido por Don Edmonds, onde ela assume o mesmo papel da primeira Ilsa, mas aplicado em outros contextos: trabalhando para um sheik árabe que importa mulheres para satisfazê-lo sexualmente.

Ela repete a personagem em Ilsa, The Tigress of Siberia (1977), passado em um campo de concentração comunista,  e Greta - Haus Ohne Männer (1979), dirigido por Jess Franco, e que em alguns países, aproveitando a fama da personagem, também teve títulos como Ilsa, The Wicked Warden. Ou seja, Ilsa foi a representação da comandante vil em diversas culturas.
O Nazisploitation foi amplamente explorado pelos italianos como em Gestapo, Esquadrão da Tortura (Le Deportate Della Sezione Speciale SS, 1976) de Rino Di Silvestro, Calígula Reencarnado como Hitler (L'ultima orgia del III Reich, 1977) de Cesari Canevari, Garotas da SS (Casa Privata Per Le SS, 1977) de Bruno Mattei, La Bestia In Calore (1977) de Luigi Barzella e As Noites Rosas da Gestapo (Le Lunghe Notti Della Gestapo, 1977) de Fabio de Agostini.