sexta-feira, 21 de março de 2014

Society (EUA, 1989)

Filme: Society / A Sociedade Dos Amigos do Diabo
Diretor: Brian Yuzna
Ano: 1989
País: Estados Unidos
Duração: 99 minutos
Elenco:  Billy Warlock, Devin DeVasquez, Evan Richards

Resumo do filme:
Billy é um jovem rico, esportista, popular e com cabelos mullets, que está concorrendo para as eleições do colégio. Diferente de sua irmã, Jenny, não tem um relacionamento muito bom com os pais. Ele começa a ter pesadelos e passa a ter medo dos próprios familiares, achando que algo de ruim irá acontecer. 

Em suas visões ele vê vermes e lesmas na comida, mutações nas pessoas, como quando vê uma bunda frontal em sua irmã ou quando vê a pele dela borbulhando.
David, o ex-namorado de Jenny, grava a família falando sobre como será a iniciação de Jenny em uma nobre sociedade, formada por pessoas poderosas. Os pais dela, contam que após a ceia, deve ser feito sexo com o escolhido da sociedade. Nesta gravação, Jenny parece já praticar o ato com os próprios pais.


Billy, irritado, deixa a fita com o psicólogo, mas mal sabia ele que este também é um integrante da sociedade secreta.
Voltando ao médico, Billy se depara com uma fita diferente, e acha que todos estão conspirando contra ele. Ele combina com David para conseguir outra fita, mas este sofre um "acidente" e morre. 


Billy é preso em casa quando ocorre a festa da sociedade e se depara com coisas muito estranhas. As pessoas tiram a roupa e começam a derreter, sofrendo mutações, unindo-se umas às outras. Criam-se formas surreais e nojentas, rostos saindo da bunda, pessoas deformadas e todos tornam-se um ser que vai se renovando com o sacrifício de outros que não se adéquam à sociedade. 



Billy aproveita-se desta elasticidade da sociedade para vencer Ferguson, o valentão da escola. Ele dobra o braço de Ferguson e enfia no orifício anal deste, saindo pela boca e os olhos saltando das órbitas. 

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Até o inesperado e bizarro final, o filme dá a impressão de mais uma película comum dos anos 80, mostrando algumas deformidades e coisas estranhas, mas é a cena final, com imagens difíceis de descrever, que é o grande mérito e o que faz valer o filme todo. Os efeitos grotescos da junção de corpos decompostos nos remetem à outros filmes que exploram o body horror, como Do Além (From Beyond), dirigido por Stuart Gordon e com produção do próprio Brian Yuzna. Filme este que é baseado em uma obra de H.P. Lovecraft, algo comum no trabalho de Yuzna e que certamente também foi influente em Society. Outros filmes com deformações do corpo que podemos citar são O Enigma do Outro Mundo (The Thing, 1982), de John Carpenter, o australiano Corrosão (Body Melt, 1993) e Videodrome (1983), de David Cronenberg, bem como boa parte da filmografia do diretor canadense. Society não é um filme tão profundo como Videodrome, mas certamente tem sua dose de crítica à uma sociedade que não é o que aparenta, baseada na posição social e que, para crescer e ficar mais forte, literalmente engole aqueles que são diferentes e que não se adaptam à ela.

O filme foi lançado em 1989 na Europa, onde foi bem recebido, e somente em 1992 teve seu lançamento nos EUA, onde, curiosamente, não teve grande destaque, talvez pelas ideias contidas no filme, como o próprio diretor afirma. 

O filipino Brian Yuzna, cujo primeiro trabalho de direção foi justamente Society, também participou como produtor, juntamente com o mestre dos filmes B dos anos 80, Charles Band, de clássicos dirigidos por Stuart Gordon, como Re-Animator e Do Além. Também dirigiu as continuações de Re-Animator, O Dentista 1 e 2 e Necronomicon, entre outros. Curiosamente, acreditem, ele foi, também juntamente com Stuart Gordon, o roteirista das comédias da Disney Querida, Encolhi as Crianças (1989) e Querida! Estiquei o Bebê (1992).

Os efeitos grotescos de Society foram responsabilidade do japonês conhecido como Screaming Mad George, colaborador frequente de Brian Yuzna, tendo trabalhado com o mesmo também nos filmes já citados, além de Os Aventureiros do Bairro Proibido (1986), de John Carpenter, sendo responsável pela clássica cena em que o sujeito incha como um balão.

Yuzna, Cara de bunda e Screaming Mad George

O título nacional A Sociedade dos Amigos do Diabo dá a impressão de se tratar de uma seita satânica, o que não é bem o caso.

Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story Of OZploitation! (Austrália, 2008)

Filme: Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story Of OZploitation!
Diretor: Mark Hartley
Ano: 2008
País: Austrália
Duração: 102 minutos

Post rápido e rasteiro para recomendar um excelente filme que assisti recentemente. Trata-se de Not Quite Hollywood, documentário sobre os filmes australianos de exploitation, chamados de Ozploitation. Estes filmes feitos durante as décadas de 70 e 80 começaram a ser produzidos quando foi adotada a classificação Rated, após um tempo de forte censura. Com esta nova classificação, os filmes, de diferentes gêneros, passaram a explorar fortemente a nudez, sexo, violência, temas polêmicos e não politicamente corretos e eram exibidos nos cinemas drive-in, mostrando que na Austrália não havia apenas cangurus e coalas. 

O documentário é bastante interessante, bem montado, em nenhum momento é entediante e serve como uma excelente fonte para conhecer bons filmes de exploitation. Conta com depoimentos de diretores, atores e pessoas que participaram destas produções, além do célebre fã destes filmes, o diretor Quentin Tarantino, que também teve influências destes filmes no seu Kill Bill. Ele fala totalmente entusiasmado sobre estas obras, nos deixando empolgados para ir atrás e descobrir mais sobre este cinema peculiarmente de baixo orçamento mas bastante criativo que garante grande entretenimento. 

Também aparecem no documentário os produtores de Jogos Mortais, onde eles contam que a parte da premissa do filme é baseado em Mad Max, quando um sujeito tem o pé algemado em um carro prestes a explodir, e sua única salvação é uma serra que Max deixa com ele.

O filme ainda conta com os depoimentos de Dennis Hopper e Jamie Lee Curtis, que também atuaram em filmes australianos em uma época em que passaram a utilizar mais atores estrangeiros.

Além de Mad Max, outros filmes que me chamaram a atenção e que preciso ver/rever são:  Wake In Fright (1971), Alvin Purple (1973), Night Of Fear (1972), Patrick (1978), Long Weekend (1978), Snapshot (1979), Next Of Kin (1981), Razorback (1984), Howling III: The Marsupials (1987), Stone (1974), The Man From Hong Kong (1975), Turkey Shoot (1981), The Return of Captain Invincible (1982) e Fair Game (1985), entre vários outros.

domingo, 9 de março de 2014

Anthropophagous 2000 (Alemanha, 1999)

Filme: Anthropophagous 2000
Diretor: Andreas Schnaas
Ano: 1999
País: Alemanha
Duração: 85 minutos
Elenco:  Achim Kohlhase, Andre Sobottka, Dirk Thies, Andreas Schnaas

Se você já achou o filme Anthropophagus de Joe D'amato trash, multiplique por 1000 e terá a sua versão alemã, Anthropophagous 2000, de Andreas Schnass.
Como é uma homenagem e remake, a história é basicamente a mesma, com algumas diferenças, atuações horrorosas, filmagem amadora, além de perder a tensão passada pelo filme de 1980. Mas uma coisa que não podemos reclamar, é o gore, muito mais abundante nesta versão, o que o torna bastante divertido.

Diferente do original, este filme começa com alguns policiais em uma gruta com corpos em decomposição e encontram o diário onde estariam descritas as atrocidades de Nikos Karamanlis. 
Vemos a família Karamanlis viajando em um barco e tendo que enfrentar uma violenta tempestade (luzes piscando, câmera balançando e uma mangueira jogando água neles) e o mastro caindo e ensanguentando a cabeça de filha.


Voltando ao tempo atual, vemos um casal na praia. Se no filme original aparece o sujeito com seus fones gigantescos, aqui vemos a moça caminhando de salto plataforma na areia. Mas desta vez temos uns peitinhos à mostra e sexo, mesmo sem ela tirar a calcinha.
Como seria caro e difícil filmar ela nadando, desta vez ela vai pegar lenha. Quando volta a cara do namorado não está mais lá! Ela encontra o assassino com uma machadinha que a mutila e arranca a pele do rosto e após lhe parte a cara com o machado! Sim, muito gore!!
Um grupo de amigos vai para a mesma praia, mas agora, novamente por questões orçamentárias, vão de carro. A grávida também está lá, mas não aparece a personagem de penetra, como a Tisa Farow no filme de D'amato. Ou seja, esta versão é muito mais objetiva, abrindo mão do roteiro.


Quando eles estão indo para a praia, temos uma sessão de nojeiras gratuitas quando se deparam com um sujeito esfarrapado que implora para eles não irem para lá e come o vômito da grávida que estava passando mal.  Eles fazem a coisa mais sensata que podiam e não o dão ouvidos e seguem a viagem até Borgo San Lorenzo, na Itália, provavelmente como homenagem à Joe D'amato e também por ser mais viável do que filmarem na Grécia.
Por lá exploram as ruelas e casas abandonadas, encontram cadáveres e se deparam com uma misteriosa mulher de preto. No carro, um cara fica com a grávida. Ele logo é morto e colocado debaixo do capô enquanto à grávida desaparece, assim como o carro. 
Este filme adiciona outros personagens, dois amigos acampando, mas só servem para morrer. Um deles tem o rosto esmagado por uma pedra e a barriga rasgada, com a extração das tripas. O outro tem o braço quebrado e arrancado como plástico e as tripas retiradas pela boca.


O grupo de amigos se refugia em uma casa durante a chuva. Aparece, toda ensanguentada, a irmã daquela morta na praia no início, dando facadas no ar e acertando um deles. Tudo como no filme de 1980. Da mesma forma, eles saem e chegam à casa da mulher misteriosa no momento em que ela se joga da janela.
Stan, um dos amigos chega à praia e vai salvar a grávida na gruta, quando aparece Nikos, mesmo assim ele permanece tranquilo ouvindo a história do assassino com o rosto cheio de farinha láctea. Nikos conta como ficou maluco e comeu a carne da filha e da mulher após o acidente de barco. 


O diretor Andreas Schnaas, que interpreta Nikos, tenta comicamente imitar as expressões de maluco que George Eastman faz no filme original. Stan é outro que aparece apenas para morrer levando uma facada na cabeça. 
Nikos então parte para a polêmica cena do aborto, arrancando o feto da barriga da mãe. Neste caso o bebê é uma boneca que move a cabeça! Mesmo assim ele o come.
Restam apenas dois vivos. Facilmente Nikos arranca a cabeça de uma mulher e é baleado em seguida. É claro que Nikos aproveita a situação para arrancar suas tripas e comê-las.
Mas, agora temos um fantástico plot twist quando Nikos levanta-se e ataca o homem. Será que Nikos vencerá desta vez? Não! Em mais uma surpreendente reviravolta, o homem consegue arrancar sua cabeça com uma pá!!
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E assim chega ao fim mais um filme horroroso, que deverá divertir aos adeptos do gore.

Andreas Schnaas é, juntamente com Olaf Ittenbach, um dos representantes do chamado "ultragore" alemão, filmes praticamente sem orçamento, onde a história é apenas uma desculpa para uma exagerada carnificina, com efeitos baratos mas funcionais e muito sangrentos. Ele também dirigiu a quadrilogia Violent Shit, Zombie 90: Extreme Pestilence e, além de outros, Nikos The Impaler, também inspirado no personagem Nikos, do Anthropophagus de Joe D'amato, inclusive neste ele também come os próprios intestinos. Em vários de seus filmes, o diretor Andreas Schnaas também atua como o assassino.