segunda-feira, 7 de agosto de 2017

La Venganza de los Punks (México, 1987)

Filme: La Venganza de Los Punks
Diretor: Damián Acosta Esparza
Ano: 1987?
País: México
Duração: 90 minutos
Elenco: Fidel Abrego, Socorro Albarrán, Anaís de Melo, El Fantasma, Olga Rios

Alguns anos depois, os punks mexicanos voltam à atacar em La Venganza de Los Punks, filme que parece uma continuação direta de Intrepidos Punks e aparenta ter sido produzido na mesma época, inclusive pelas indumentárias dos personagens e qualidade de vídeo. O filme começa com os punks explodindo o presídio para libertar Tarzan. Logo eles estão de volta ao seu acampamento fazendo o que fazem de melhor: orgias e chapando-se. Vemos mulheres peladas, alguém tendo uma suástica pintada em sua bunda com canetinha. Um cara com cabelo espetado feito com papel alumínio.

Tarzan aparece com seus capangas Louco, Vinking, entre outros, em uma festinha de aniversário da filha de um dos policiais, Marco. Seguindo seu modus operandi, eles estupram as mulheres e matam todos, menos Marco, para fazê-lo sofrer - um erro terrível. E aqui termina a vingança dos punks, que dá nome ao filme. De agora em diante, tudo que vemos poderia ser chamado de La Venganza de Marco.


Marco quer que o caso fique com ele, mas seu superior o proíbe para que ele não trate o caso como vingança. Mas é justamente isto que Marco quer e pede demissão, para se vingar por conta própria. 
Na cena seguinte, uma gangue, que não é a dos punks, assalta uma vídeo locadora e mata todo pessoal por lá. Por sorte a polícia estava de passagem e entram em confronto e um dos policiais morre. Como esta cena não tem qualquer ligação com o restante do filme, seguimos adiante. 

Os punks agora, além de carnavalescos e nazistas, também são satanistas, com direito a uma estátua do diabo com sérias restrições orçamentárias e com os luzes piscando nos olhos. Vemos eles fazendo um ritual para agradecer pela vingança. Tarzan, com um cone na cabeça como da ku klux klan, porém multicolorido, sacrifica um carneiro e todos precisam dar uma roída na cabeça do animal, enquanto uma mulher quase nua pintada e com peruca dourada fica dançando. 



Marco localiza o esconderijo dos punks e inicia sua vingança por um vigia da gangue chamado de Mãozudo (!). Marco poderia simplesmente usar um revólver ou até uma faca em sua vingança, mas seria fácil e pouco criativo, além de não obter a tortura que irá saciá-lo. Marco surra Mãozudo e enfia uma estaca você sabe onde. O próximo é colocado em um um poço com cobras.

Pantera, a mulher de Tarzan é sequestrada por Marco e a chicoteia, mas não a mata, deixando-a presa em casa. Durante a vingança de Marco, Ojal, um dos punks quer se rebelar contra Tarzan e tomar o controle da gangue. Ojal tenta matar Tarzan atirando nele, mas parece só fazer um cortezinho. Tarzan nem tem tempo de pegá-lo, pois Marco logo faz isto e o mata atravessando sua cabeça com uma lança. 


Em seguida é a vez do punk com cabelo espetado de papel alumínio e calça de lycra, que é decapitado. O Charles Bronson mexicano se mostra um assassino cruel e sádico e sempre disposto a utilizar uma nova arma. Inspirado pelo Zé do Caixão, ele solta aranhas sobre o corpo de outra punk, enquanto mais uma é morta sendo derretida com ácido.


Para não ficar tão fácil para Marco, Pantera consegue escapar - duas vezes - e numa delas acerta-lhe uns tiros, coisa que o fará mancar por um tempo, mas até o fim do filme ele já parece perfeitamente recuperado. Seguindo sua missão, Marco queima outro punk vivo com um lança-chamas, até que, vendo que são muitos inimigos, perde a paciência e mata mais vários metralhando-os até, finalmente, chegar ao duelo contra Tarzan. Marco já totalmente insano e muito mais cruel que os próprios inimigos. Seu pesadelo só tem fim quando ele prende Tarzan de cabeça para baixo e começa a arrancar seus olhos - mas sem perder sua máscara, pois isso seria humilhação demais. Não vou revelar aqui, mas no final ainda temos um plot-twist daqueles mais manjados e desnecessários do cinema.


Não que seja muita coisa, mas achei La Venganza de Los Punks melhor que o antecessor Intrepidos Punks. Este até parece ter um enredo, que até é meio repetitivo e não é lá muito coerente com o título do filme, além de ser um clichê gigante de filmes de vingadores solitários. O filme repete vários dos punks do primeiro filme, mas agora com a direção de Damián Acosta Esparza, que fez também El Violador Infernal, este com a atuação da Princesa Lea, que não está presente no La Venganza de Los Punks até por ter sido morta no filme anterior. Mesmo com outro diretor, o filme parece uma sequência direta, mantendo a ignorância sobre a cultura punk. Além dos punks carnavalescos, agora também podemos rir de sua seita satânica e da criatividade assassina de Marco.


Acho que o orçamento aqui foi não deu para pagar uma música tema e só usaram músicas genéricas instrumentais. O filme até tenta desenvolver mais alguns personagens, como o punk Ojal, mas não vai muito à fundo e ele é logo morto quando tenta sua rebelião. Continuamos com os nomes bem punks como Pantera, Medusa, Louco, Viking, Mãozudo, além do chefe Tarzán.

O filme acaba sendo até mais violento, por conta da vingança sangrenta de Marco, que acaba sendo mais cruel que os punks, que desta vez ficam mais quietinhos no seu canto do que cometendo crimes por aí. O nível de exploitation também é elevado com mais nudez e vestimentas ainda mais absurdas dos punks.


Assim como Intrepidos Punks, La Venganza de los Punks parece sofrer com o mesmo problema que é a dúvida em seu ano de lançamento. No IMDb mostra como 1991, mas como ano de lançamento 1987, mesmo ano que o livro Destroy All Movies lista, que parece ser o mais correto, pela qualidade de imagem, que parece ter sido filmado pouco tempo após o filme anterior, que vou acreditar que é de 1983.

O ator Fidel Abrego, que faz Marco, também fez inúmeros outros filmes de crime, além de ter feito um papel pequeno em Chamas da Vingança, com Denzel Washington.

Uma boa pedida é fazer uma sessão dupla com Intrepidos Punks seguido por La Venganza de Los Punks. Diversão garantida.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Intrepidos Punks (México, 1983)

Filme: Intrepidos Punks
Diretor: Francisco Guerrero
Ano: 1983?
País: México
Duração: 90 minutos
Elenco: Juan Valentín, Juan Gallardo, Ana Luisa Peluffo, Princesa Lea, El Fantasma 

Um grupo de freiras armadas assaltam um banco e fogem com punks motoqueiros. Bem, "punk" era o que eles deveriam ser, segundo o título do filme, mas são uma gangue de motoqueiros maquiados, com roupas espalhafatosas e ridículas, cabelos armados, e cheios de quinquilharias penduradas nas roupas e nos rostos. Uma das líderes da gangue é Fiera (interpretada pela atriz que atende pelo nome de Princesa Lea!), que é a companheira de Tarzan (vivido pelo luchador El Fantasma) e quer tirá-lo da cadeia. Para isso, ela compra armas de um bandido com tapa-olho e após, junto com seus intrépidos punks, invadem a casa onde estão as esposas dos chefes do presídio - estes que, por sua vez, estão juntos em uma orgia em outro lugar. Os punks chegam tocando o terror e abusam das mulheres enquanto aparece uma banda - que supostamente seria punk - tocando no local - com todos instrumentos e amplificadores - fazendo a trilha sonora da violação. 


Fiera entra em contato com o diretor da prisão, pedindo que soltem os amigos punks ou as suas mulheres irão pagar por isto. Como não dão muita atenção, prontamente é recebido uma entrega mais rápida que SEDEX 10 contendo a mão da esposa do diretor. 




Assim, os presos são soltos e eles ficam desfilando em seus veículos alegóricos e roupas carnavalescas pelas ruas enquanto toca a música tema do filme "Intrepidos Punks". Tarzan, o líder da turma, usa trajes mais punks possíveis: roupa tigrada e com lantejoulas e uma máscara brilhante - já que, como luchador, não pode revelar o rosto. Eles voltam ao seu acampamento no deserto, lembrando os punk-pós-apocalípticos de Mad Max 2 e passam a noite na farra, onde eles ficam duelando entre si, se drogando e fazendo orgias, masoquistas ou não, sempre com as mulheres praticamente nuas. Agora que podia ter a banda tocando não tem nada. Vai ver deixaram os instrumentos na casa do diretor ou estavam ocupados demais nas orgias.

Enquanto dois policiais bigodudos, chamados Marco e Javier estão ocupados em prender o Um-Olho, os punks - e sua música tema - barbarizam um posto de gasolina, roubando, estuprando e ateando fogo em um sujeito. Depois eles chegam a uma pedreira e espancam todo mundo e roubam caminhão de gasolina e fazem outra festinha, com direito a roleta russa - que não dá certo - e as tradicionais orgias, consumo de drogas e um bando de gente gritando. 


O filma vai indo assim, os punks aparecem, - junto com a música tema que repete o tempo todo - cometem seus crimes e depois vão farrear no seu acampamento deserto. Eles aceitam um trabalho de um traficante para entregar mercadorias, mas, como bons fora-da-lei que são, fogem com ela. Aí então são perseguidos pelos traficantes que tentam atacá-los, mas são em número muito menor e se dão mal. Um deles é amarrado à moto e arrastado. Em seguida é amarrado ao caminhão de gasolina e explodido, desperdiçando um bom estoque de combustível.


Finalmente os dois policiais, que já haviam prendido os punks, irão atrás deles, depois de mais de uma hora de filme, mas não sem antes serem encurralados - junto com a música tema. Os dois são sequestrados pelos punks e, quando estão prestes a serem enterrados vivos, a polícia chega e os salva, entrando todos no embate, sobrando até para Fiera. Tarzan, após ser perseguido de carro é preso, mas o comandante não parece otimista: "Parece apenas a ponta do iceberg", deixando uma ponta para a continuação que, anos depois veio no filme La Venganza de Los Punks. Não deixa de ser triste ver os nossos queridos e intrépidos punks serem pegos por dois policiais com cara de dupla sertaneja.


Intrepidos Punks mostra que nem só de filmes de luchadores viveu o exploitation mexicano - apesar deste ainda ter algo do tipo. Este "punksploitation" ou "bikesploitation", pra ser até mais exato, é recheado de violência, nudez, sexo e consumo de drogas. Mas, se você procura um filme que retrate fielmente a cultura punk, veio ao lugar errado. Normalmente o cinema costuma retratar os punks de forma exagerada e preconceituosa, e aqui isso é ainda mais potencializado. Se vê mesmo que os produtores do filme não tinham muita ideia do que era o punk ou punk rock, ou preferiram retratá-los de forma mais pós-apocalíptica-carnavalesca possível, lembrando as gangues de "punks" de Mad Max 2. O que pode impressionar é que, segundo o IMDb, o filme é de 1980, um ano antes do filme de George Miller, porém, no mesmo IMDb, consta que o filme foi lançado apenas em 1988. Já, segundo os livros Destroy All Movies, e Fight Back: Punk, Politics and Resistance, Intrepidos Punks seria de 1983, o que pode fazer mais sentido. Portanto, não dá pra dizer com certeza se o filme foi influenciado ou influenciou Mad Max 2. Também daria para citar The Warriors e suas gangues, filme que realmente influenciou as gangues de punks no Brasil.


Nem mesmo a música tema, que repete todo o tempo e chama-se "Intrepidos Punks" pode ser chamada de punk rock, apenas com uma certa boa vontade. Mas é na tosquice dessa representação que está a diversão do filme. Basta ver os nomes ultra punks do pessoal: Calígula, Pirata, Peituda, Tarzan, Fiera. Sobre o Tarzan, que está sempre de máscara por ser o luchador El Fantasma, ele até arrisca uns golpes de lucha libre durante as lutas. Ele também participou da continuação La Venganza de Los Punks e outros dois filmes bem obscuros de 2007, El fantasma vs. la aldea de los zombies e El fantasma vs. la maldición de la piramide. 

Já as mulheres punks usam seus cabelões e roupas mínimas, quando as usam, e Fiera, interpretada pela Princela Lea, também fez outra obra classe Z como El Violador Infernal. 
Mas além da má representação dos punks, os atores também representam muito mal, os diálogos são risíveis, os punks passam o filme todo gritando, e a própria história é muito mal elaborada, sendo quase todo filme composto por cenas isoladas para, apenas no final, os policiais se derem ao trabalho de irem atrás deles. Pois é, os punks são tão maus que mesmo depois de estuprarem e matarem as esposas dos responsáveis pela cadeia, continuam boa parte do filme barbarizando por aí sem serem importunados pela polícia. Mas, você já sabe, esses pormenores como direção, enredo, atuação, diálogos, entre outros, não devem ser levados muito em consideração para a apreciação desta película.
Na próxima postagem teremos a sequência desta saga dos punks mexicanos, que já adianto que é melhor que este.