sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Intrepidos Punks (México, 1983)

Filme: Intrepidos Punks
Diretor: Francisco Guerrero
Ano: 1983?
País: México
Duração: 90 minutos
Elenco: Juan Valentín, Juan Gallardo, Ana Luisa Peluffo, Princesa Lea, El Fantasma 

Um grupo de freiras armadas assaltam um banco e fogem com punks motoqueiros. Bem, "punk" era o que eles deveriam ser, segundo o título do filme, mas são uma gangue de motoqueiros maquiados, com roupas espalhafatosas e ridículas, cabelos armados, e cheios de quinquilharias penduradas nas roupas e nos rostos. Uma das líderes da gangue é Fiera (interpretada pela atriz que atende pelo nome de Princesa Lea!), que é a companheira de Tarzan (vivido pelo luchador El Fantasma) e quer tirá-lo da cadeia. Para isso, ela compra armas de um bandido com tapa-olho e após, junto com seus intrépidos punks, invadem a casa onde estão as esposas dos chefes do presídio - estes que, por sua vez, estão juntos em uma orgia em outro lugar. Os punks chegam tocando o terror e abusam das mulheres enquanto aparece uma banda - que supostamente seria punk - tocando no local - com todos instrumentos e amplificadores - fazendo a trilha sonora da violação. 


Fiera entra em contato com o diretor da prisão, pedindo que soltem os amigos punks ou as suas mulheres irão pagar por isto. Como não dão muita atenção, prontamente é recebido uma entrega mais rápida que SEDEX 10 contendo a mão da esposa do diretor. 




Assim, os presos são soltos e eles ficam desfilando em seus veículos alegóricos e roupas carnavalescas pelas ruas enquanto toca a música tema do filme "Intrepidos Punks". Tarzan, o líder da turma, usa trajes mais punks possíveis: roupa tigrada e com lantejoulas e uma máscara brilhante - já que, como luchador, não pode revelar o rosto. Eles voltam ao seu acampamento no deserto, lembrando os punk-pós-apocalípticos de Mad Max 2 e passam a noite na farra, onde eles ficam duelando entre si, se drogando e fazendo orgias, masoquistas ou não, sempre com as mulheres praticamente nuas. Agora que podia ter a banda tocando não tem nada. Vai ver deixaram os instrumentos na casa do diretor ou estavam ocupados demais nas orgias.

Enquanto dois policiais bigodudos, chamados Marco e Javier estão ocupados em prender o Um-Olho, os punks - e sua música tema - barbarizam um posto de gasolina, roubando, estuprando e ateando fogo em um sujeito. Depois eles chegam a uma pedreira e espancam todo mundo e roubam caminhão de gasolina e fazem outra festinha, com direito a roleta russa - que não dá certo - e as tradicionais orgias, consumo de drogas e um bando de gente gritando. 


O filma vai indo assim, os punks aparecem, - junto com a música tema que repete o tempo todo - cometem seus crimes e depois vão farrear no seu acampamento deserto. Eles aceitam um trabalho de um traficante para entregar mercadorias, mas, como bons fora-da-lei que são, fogem com ela. Aí então são perseguidos pelos traficantes que tentam atacá-los, mas são em número muito menor e se dão mal. Um deles é amarrado à moto e arrastado. Em seguida é amarrado ao caminhão de gasolina e explodido, desperdiçando um bom estoque de combustível.


Finalmente os dois policiais, que já haviam prendido os punks, irão atrás deles, depois de mais de uma hora de filme, mas não sem antes serem encurralados - junto com a música tema. Os dois são sequestrados pelos punks e, quando estão prestes a serem enterrados vivos, a polícia chega e os salva, entrando todos no embate, sobrando até para Fiera. Tarzan, após ser perseguido de carro é preso, mas o comandante não parece otimista: "Parece apenas a ponta do iceberg", deixando uma ponta para a continuação que, anos depois veio no filme La Venganza de Los Punks. Não deixa de ser triste ver os nossos queridos e intrépidos punks serem pegos por dois policiais com cara de dupla sertaneja.


Intrepidos Punks mostra que nem só de filmes de luchadores viveu o exploitation mexicano - apesar deste ainda ter algo do tipo. Este "punksploitation" ou "bikesploitation", pra ser até mais exato, é recheado de violência, nudez, sexo e consumo de drogas. Mas, se você procura um filme que retrate fielmente a cultura punk, veio ao lugar errado. Normalmente o cinema costuma retratar os punks de forma exagerada e preconceituosa, e aqui isso é ainda mais potencializado. Se vê mesmo que os produtores do filme não tinham muita ideia do que era o punk ou punk rock, ou preferiram retratá-los de forma mais pós-apocalíptica-carnavalesca possível, lembrando as gangues de "punks" de Mad Max 2. O que pode impressionar é que, segundo o IMDb, o filme é de 1980, um ano antes do filme de George Miller, porém, no mesmo IMDb, consta que o filme foi lançado apenas em 1988. Já, segundo os livros Destroy All Movies, e Fight Back: Punk, Politics and Resistance, Intrepidos Punks seria de 1983, o que pode fazer mais sentido. Portanto, não dá pra dizer com certeza se o filme foi influenciado ou influenciou Mad Max 2. Também daria para citar The Warriors e suas gangues, filme que realmente influenciou as gangues de punks no Brasil.


Nem mesmo a música tema, que repete todo o tempo e chama-se "Intrepidos Punks" pode ser chamada de punk rock, apenas com uma certa boa vontade. Mas é na tosquice dessa representação que está a diversão do filme. Basta ver os nomes ultra punks do pessoal: Calígula, Pirata, Peituda, Tarzan, Fiera. Sobre o Tarzan, que está sempre de máscara por ser o luchador El Fantasma, ele até arrisca uns golpes de lucha libre durante as lutas. Ele também participou da continuação La Venganza de Los Punks e outros dois filmes bem obscuros de 2007, El fantasma vs. la aldea de los zombies e El fantasma vs. la maldición de la piramide. 

Já as mulheres punks usam seus cabelões e roupas mínimas, quando as usam, e Fiera, interpretada pela Princela Lea, também fez outra obra classe Z como El Violador Infernal. 
Mas além da má representação dos punks, os atores também representam muito mal, os diálogos são risíveis, os punks passam o filme todo gritando, e a própria história é muito mal elaborada, sendo quase todo filme composto por cenas isoladas para, apenas no final, os policiais se derem ao trabalho de irem atrás deles. Pois é, os punks são tão maus que mesmo depois de estuprarem e matarem as esposas dos responsáveis pela cadeia, continuam boa parte do filme barbarizando por aí sem serem importunados pela polícia. Mas, você já sabe, esses pormenores como direção, enredo, atuação, diálogos, entre outros, não devem ser levados muito em consideração para a apreciação desta película.
Na próxima postagem teremos a sequência desta saga dos punks mexicanos, que já adianto que é melhor que este.

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