Diretor: Jörg Buttgereit
Ano: 1991
País: Alemanha
Duração: 104 minutos
Elenco: Monika M., Mark Reeder, Lena Braun
IMDb: 5,2
Nekromantik 2 inicia com a frase "Eu quero dominar a vida e a morte." do assassino em série Theodore Bundy.
Após, são repetidas em preto e branco as últimas cenas do primeiro filme com uma nova versão da música tema. Ao invés dos sintetizadores, é um piano que dá o tom às cenas do filme.
A seguir, vemos que a cena final, onde uma pá é cravada sob o túmulo de Rob, na verdade não se tratava de Betty, e sim de Monika, uma enfermeira e também necrófila em potencial e obcecada por Rob e sua história de vida, ou morte.
Ela desenterra tranquilamente o cadáver, em plena luz do dia e o leva para casa. O morto, que por sinal não se parece muito com Rob, tem o aspecto esverdeado e gosmento e tem melhor sorte morto do que vivo.
Na privacidade do seu lar ela pode desfrutar e saborear de sua nova companhia em uma cena utilizando o mesmo efeito de câmera do primeiro filme durante a transa do trio. Enquanto isso, Betty vai ao cemitério e não encontra Rob.
Além do relacionamento com o cadáver de Rob, o triângulo amoroso é completado por Mark, cuja profissão é dublador de filmes pornôs (?). Porém, com uma queda para Rob, que Monika lembra quando está com Mark.
Depois de aproveitar a companhia de Rob, inclusive o vestindo como se fosse uma pessoa normal, o mesmo começa a se decompor e Monika o serra em pedaços, devolvendo-o em sacos plásticos à sua cova. Mas guarda como recordação a sua cabeça e em um prato na geladeira, o seu pênis.
Frio mas companheiro |
Monika parece participar de um clube de mulheres perversas, que assistem vídeos de animais sendo mortos e escalpelados, com a cabeça de Rob na mesa junto com as guloseimas.
Pratos frios |
O filme, mesmo que desenvolva melhor a história que o primeiro, acaba por momentos sendo bastante parado e até cansativo, com poucos diálogos, sendo que as primeiras falas se pronunciam quase aos 20 minutos do filme. A aparência amadora do primeiro filme dá um aspecto mais trash, enquanto esta sequencia, mais bem acabada e filmada, acaba pretendendo ser mais artística.
< Spoilers >
Se aguentarmos os longos e parados minutos, desta vez com mais foco para a relação "normal" de Monika (talvez esta lentidão seja comparada ao tédio de Monika com esta relação) , somos recompensados nos momentos finais, quando, durante o ato sexual entre Mark e Monika, esta o ataca serrando e arrancando a sua cabeça, que espirra muito sangue, em uma das melhores e mais impactantes cenas do filme.
A seguir ela substitui a cabeça recém arrancada de Mark pela de Rob, criando um ser híbrido e para ela, completo. Assim ela continua a transa com seu novo amante perfeito, agora a deixando realizada. Ao meu ver, esta cena final é ainda melhor e mais bem feita que a do filme original, e tão impactante quanto.
Este final lembra, de certa forma, o primeiro trabalho de Alejandro Jodorowski, o curta A Gravata (Le Cravate), de 1957, baseado no conto As Cabeças Trocadas (1940) do romancista Thomas Mann. Neste curta, uma mulher troca as cabeças de homens afim de obter a melhor combinação cabeça/corpo.
< Fim dos spoilers >
Se o primeiro Nekromantik foi feito em 1987, na até então Alemanha Ocidental, esta sequencia de 1991 se deu após a queda do muro de Berlin. Neste tempo, Jörg Buttgereit havia feito anteriormente, em 1990, Der Todesking, com atuação de Mark Reeder. Monika K também veio a fazer outro filme de Buttgereit, Schramm, de 1994.
Texto ótimo! Também achei o filme muito arrastado e muitas vezes entediante. Mas não tinha me passado a ideia de que era só reflexo do tédio que ela também sentia com o seu namoro. Boa interpretação e faz todo sentido. Na primeira transa deles nós vemos claramente o descontentamento dela. É isso, adorei o texto!
ResponderExcluirPois é, Elen, foi uma impressão que eu tive. De qualquer forma, o filme podia ser um pouco mais curto.
ExcluirObrigado pelo comentário!
Monika m. E muito gata.
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