domingo, 5 de julho de 2015

Black Belt Jones (EUA, 1974)

Filme: Black Belt Jones / Jones, o Faixa Preta
Diretor: Robert Clouse
Ano: 1974
País: EUA
Duração: 85 minutos
Elenco: Jim Kelly, Gloria Hendry, Scatman Crothers

Jones, o Faixa Preta (Jim Kelly), é convocado pela polícia para se infiltrar em uma vinícola onde um grupo mafioso mantém fotos secretas. Como não é bobo, ele se nega, já que três agentes haviam sido eliminados na missão. Depois disso, Jones, ao sair da delegacia, se depara com uma gangue aleatória, para apresentar os créditos iniciais, com direito a cenas congeladas, a bela música tema do filme e claro, para mostrar as qualidades de faixa preta de Jones, além do seu black power de respeito, fazendo caras e bocas e dando seus gritinhos característicos, já fazendo valer o filme.


O problema a seguir é que a academia de karatê de Papa (Scatman Crothers), que teve Jones como aluno, está no caminho de uma construção que os mafiosos desejam fazer. O encarregado para tentar adquirir a academia é Pinky, retratado como um negro capitalista que defende os interesses dos brancos poderosos. Tanto que Pinky chega a ser atacado por um grupo de negros que quer que ele pare de vender drogas na comunidade.
Na primeira tentativa, Pinky e seu bando são postos para correr da academia, mas depois Papa acaba sendo morto por não aceitar vender a academia.

Turma da academia 

Pinky e seus capangas

Após a morte de Papa, sua filha Sidney (Gloria Hendry), que vivia longe, volta para o enterro. Depois disso ela vai até o bar de Pinky e apresenta suas habilidades de lutadora enchendo de porrada os capangas.

Jones e Sidney acabam se envolvendo, mas ela está longe ser frágil e deixá-lo resolvendo os problemas sozinho. Em certa cena, Jones é convocado e pede para Sidney cuidar da louça enquanto. Ela dá um jeito na louça, esmigalhando-a com uma arma e parte junto com Jones, mostrando ser uma mulher forte, de atitude e muito boa de briga.


O bando de Pinky sequestra Quincy, um dos jovens integrantes da academia, e em troca exige dinheiro. Para poder pagar Pinky, Jones decide aceitar a missão de entrar na vinícola, mas para isso conta com a ajuda de suas amigas atletas de cama elástica. Engenhosamente como em um desenho animado, para enganar a câmera de segurança, colocam uma cama elástica abaixo da câmera, tiram uma foto naquela altura e a colocam em frente à câmera, podendo assim facilmente entrar e pegar o dinheiro dos mafiosos.
Eles pagam Pinky, mas os mafiosos descobrem que aquele dinheiro é o mesmo que foi roubado deles, o que vai gerar ainda muitas confusões, perseguições, lutas, bolhas de sabão culminando com o lixo indo para o seu devido lugar.

Ação, diversão e bolhas de sabão

Já era tempo de constar um filme Blaxploitation neste blog. Explicando brevemente, o Blaxploitation se baseava em filmes de baixo orçamento centrados na comunidade negra, negando os estereótipos pejorativos à qual os negros eram frequentemente retratados nos filmes, para colocá-los como protagonistas e criar novos estereótipos, mostrando os heróis negros, tanto homens quanto mulheres, como fortes, durões, bons de briga e sedutores. O Blaxploitation não pode ser considerado um gênero em si, já que havia filmes tanto de ação, crime, como de comédia e horror. O Blaxploitation viveu seu auge durante a década de 70 e tinha como um dos destaques a excelente trilha sonora, recheada de soul, jazz e funk.
Os primeiros filmes foram Sweet Sweetback's Baadassss Song e Shaft de 1971, que tiveram um bom retorno fazendo viessem vários outros, como Super Fly (1972), Coffy (1973) e Foxy Brown (1974), estes últimos protagonizados por Pam Grier, uma das musas do blaxploitation. Também foram feitas algumas versões de filmes de horror, como Blacula (1972), Blackenstein (1973), Dr. Black, Mr. Hyde (1976). Vale a pena também conferir o filme Black Dynamite, de 2009, que é uma ótima homenagem aos filmes daquele período.
Black Belt Jones é um filme muito divertido, que une o blaxploitation aos filmes de artes marciais em destaque na época principalmente por Bruce Lee. Tanto que Jim Kelly era campeão de karatê e havia feito Operação Dragão (Enter The Dragon, 1973), um ano antes, contracenando com Bruce Lee e também com Robert Clouse na direção, que também faria o Jogo da Morte (Game of Death, 1978), com Bruce Lee.

Black Belt Jones é citado no documentário 50 Worst Movies Ever Made (2004), como sendo um dos 50 piores filmes já feitos, o que não faz nenhum sentido, já que sabemos que tem filmes muito piores e menos divertidos. Tudo bem que as coreografias das lutas são um tanto mal feitas e existem diversas situações toscas, mas que só aumentam a diversão.

Jim Kelly ainda participou de outros filmes Blaxploitation como Three The Hard Way (1974), Black Samurai (1977) e também fez The Tattoo Connection (1978) produzido em Hong Kong e que também recebeu o nome oportunista de Black Belt Jones 2, mesmo que Jim Kelly seja creditado como Lucas no filme.
Scatman Crothers, que fez o Papa, atuou em dezenas de filmes e séries, incluindo os clássicos Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo's Nest, 1975) e O Iluminado (The Shining, 1980).
Já Gloria Hendry, fez o blaxploitation Black Caesar (1973) e teve seu maior destaque no filme do 007 Live and Let Die (1973), sendo a primeira bond girl negra.


Quanto à referência musical da vez, cito a banda californiana de power violence Spazz, uma das minhas favoritas por sinal, cujos integrantes eram fanáticos por filmes B e exploitations e era comum ver homenagens nas artes de seus álbuns ou vinhetas de trechos de filmes em suas músicas. Um exemplo é a música All Urban Outfield, que tem como introdução um trecho da música de abertura de Black Belt Jones. 

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