Filme: Desperate Living
Diretor: John Waters
Ano: 1977
País: EUA
Duração: 90 minutos
Elenco: Liz Renay, Mink Stole, Susan Lowe
Peggy Gravel (Mink Stole) acaba de sair do hospital psiquiátrico e está em casa aos cuidados de Grizelda, sua enfermeira. Peggy tem sérias crises nervosas e vive histérica gritando, com uma leve tendência à aumentar os acontecimentos, como quando acha que querem matá-la quando a bola com que os meninos brincam na rua quebra sua janela, ou quando vê os filhos pequenos pelados brincando de médico e acha que estão transando e sua filha está grávida. Para aguentar tudo isso, Grizelda costuma tomar as bebidas do sr. Gravel, que a demite por pegá-la em flagrante com uma garrafa.
O sr. Gravel tenta dar a medicação para Peggy, mas ela se nega e o acerta com uma garrafada na cabeça. Grizelda, ouvindo a gritaria, corre para o quarto e salva Peggy do marido sufocando-o até a morte sentando em sua cara.
Desesperadas, as duas fogem, mas durante a fuga são paradas por um policial que usa lingerie e quer as calcinhas e beijos das garotas para deixá-las livres. Com o policial em extase, seguem a pé para Mortville, uma vila habitada por excluídos, como assassinos, nudistas e lésbicas. Lá elas alugam um quarto em uma espelunca onde um homem acabara de se suicidar. O estabelecimento é administrado por Mole (Susan Lowe), uma ex-lutadora que fugiu para Mortville após matar o oponente e o juíz em uma de suas lutas. Ela namora Muffy (Liz Renay), uma mulher que matou a babá sufocando-a na ração do cachorro após chegar em casa e ver que seu bebê estava na geladeira.
Mas Mortville não é uma simples vila, é um reino governado com tirania pela rainha Carlotta (Edith Massey), que tem como guardas reais, homens em roupas sadomasoquistas que precisam satisfazer os desejos sexuais da rainha. Aqueles que contrariam a rainha podem ser julgados cruelmente com castigos como comer baratas. Nem sua própria filha, a princesa Coo-Coo (Mary Vivian Pearce), pode discutir com a rainha, e mesmo que ela já tenha 38 anos, não aprova que a filha veja seu grande amor, um lixeiro nudista da vila, por isso Coo-Coo decide fugir.
Enquanto a rainha se farta com um banquete, Mole e Muffy, param não passarem fome, comem um saboroso rato no café da manhã.
Certo dia, Carlotta decreta o dia do inverso, onde todos tem que trajar roupas ao contrário e andar para trás. Andando de costas, Peggy, Grizelda, Mole e Muffy vão se divertir um pouco em um bar de lésbicas, que tem como atração um show de espancamento de homens. Grizelda logo se ambienta (até porque já tinha feito uma investida sexual com Peggy), mas Peggy, enjoada como sempre, não gosta muito do ambiente, quando mulheres a atacam ou quando seios aparecem em buracos na parede do banheiro. Assim, ela acaba indo embora.
Peggy, ainda como burguesa esnobe e conservadora, alia-se com a rainha e entrega Coo-Coo à ela. Além disso, ajuda Carlotta a espalhar raiva pela cidade.
Mole, que havia pego um bilhete de loteria de Peggy, ganha na loteria e decide fazer uma mudança de sexo, obrigando o médico e fazer um implante de pênis. Mas o novo acessório fica com uma aparência grotesca, assustando Muffy, que o corta fora.
Enquanto Peggy está do lado aristocrata da vila, Coo-Coo, agora infectada com raiva, alia-se à plebe e quer que matem a rainha. Mole e Muffy, prontas para a revolução, invadem o castelo, libertando a vila da tirania de Carlotta que finalmente alimentará o povo em uma festa em que ela própria é servida assada.
Comentários:
Desperate Living é um conto de fadas na visão de John Waters, ou seja, é sujo, imoral, grotesco, proibido, escatológico, cheio de nudez, sexo, vômitos e lesbianismo, parecendo ter sido ambientado em um lixão. Apesar de divertido, não é um filme bobo, sem nada a dizer. Waters sempre está disposto a provocar e incomodar seu expectador, sempre atacando os valores da sociedade tradicional americana e neste, satirizando um governo tirânico e fascista que é derrubado por seu cinema revolucionário.
Ainda que eu não considere tão sujo quanto seu maior clássico Pink Flamingos, Desperate Living mantém os elementos que caracterizam o cinema transgressor de Waters, portanto, sei que muitos poderão se impressionar com o conteúdo do filme e se sentirem ofendidos ou perturbados, sobretudo aqueles que são veementemente contra a homossexualidade, tema recorrente nos filmes do diretor.
O filme tem como principais protagonistas as mulheres, e desta vez não conta com a participação da musa Divine, sempre presentes nos filmes de Waters durante este período. Além de Divine, David Lochary também não participou pois morreu de overdose em 1977. Para compensar esta ausência, Mink Stole tem uma atuação destacada, insana e histérica. Ela, juntamente com boa parte do elenco são atores recorrentes em diversos filmes do diretor.
Desperate Living custou cerca de $ 65.000 e faz parte da chamada trilogia trash de Waters, incluindo também Pink Flamingos e Female Trouble, embora também pudessem ser adicionados os mais antigos Multiple Maniacs e Mondo Trasho. Após Desperate Living, John Waters teve uma fase mais comportada e mainstream com filmes de maior orçamento, como Hairspray (1988), Cry-Baby (1990) e Mamãe é de Morte (Serial Mom, 1994), mas em 2000 faz Cecil Bem Demente (Cecil B. DeMented), onde critica a industria convencional do cinema, mas isto é assunto para um outra postagem.
Não vi esse ainda, do Waters gostei do Pink Flamingos, esse não deve fujir muito dos outros trashs do diretor.
ResponderExcluirÓtima resenha !
Sim, este ainda é na pegada do Pink Flamingos, com aquele estilo inconfundível do John Waters. Espero postar mais filmes dele em breve.
ExcluirValeu pelo comentário!
como faço pra baixar esse filme
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