segunda-feira, 22 de abril de 2013

Zardoz (Reino Unido, 1974)



Filme: Zardoz
Diretor: John Boorman
Ano: 1974
País: Reino Unido
Duração: 105 minutos
Elenco: Sean Connery, Charlotte Rampling, Sara Kestelman 


Zardoz é um filme muito visto como um trash hoje em dia, muito em virtude dos efeitos toscos e datados, afinal, é um filme de 1974, mas principalmente pelos bisonhos figurinos. Ao buscarmos informações sobre o filme, nos deparamos com Sean Connery já com seus 43 anos, um imponente bigode, rabo de cavalo, tanga e botas vermelhas, o que faz muitos já desistirem de assisti-lo ou acharem se tratar de uma comédia. Porém, se deixarmos um pouco de lado coisas supérfluas como o mau gosto estético, vemos um filme sério e que, se pensarmos um pouco, traz reflexões realmente interessantes a respeito de fé, religião, imortalidade e ciência.

No longínquo futuro de 2293, ao invés de termos uma sociedade tecnológica e futurista, vemos seres primitivos e selvagens, trajando as já citadas roupas diminutas e usando cavalos como locomoção. Estes são chamados de exterminadores, que com sua fé cega, seguem tudo o que é dito pelo seu deus Zardoz, que trata-se de uma gigantesca e voadora cabeça de pedra. Este é um deus intolerante e impiedoso que odeia a humanidade e diz que o pênis é maligno e a arma é boa. Afim de impedir a reprodução dos "brutos", o cabeção cospe armas e manda os exterminadores caçá-los e matá-los, para assim "purificar" a terra.





Zed (Sean Connery), que aparece em cena já matando o próprio expectador, não é mais uma ovelha do rebanho dos exterminadores e pretende parar de aceitar as ordens e buscar a verdade. Assim, ele consegue entrar na cabeça gigante e lá vê muito trigo e pessoas, em sua maioria mulheres, nuas e ensacadas. Zardoz nada mais é do que um símbolo controlado por um homem para obter vantagens para si. Zed volta-se contra o seu antigo deus e mata este homem. O cabeção então acaba pousando em Vortex, um lugar visto com o paraíso para os exterminadores, que acreditam ser seu destino após a morte.  

Vortex é um lugar calmo e aparentemente evoluído que é, diferentemente da terra de Zed, habitado principalmente por mulheres, e onde a população é imortal e impotente. Não existe polícia, as punições para os crimes são através do envelhecimento. É um lugar democrático onde as escolhas são feitas através de votações telepáticas. Ao invés de religiosos como no Exterior (terra dos exterminadores), temos pessoas dedicadas à ciência, estes que conseguiram algo que o homem tanto buscou, e que os exterminadores esperam quando morrerem: a imortalidade. Porém, ser imortal é algo muito tedioso. Além das pessoas comuns de Vortex, exitem dois grupos: os apáticos, cujo nome já explica, e os renegados, que são velhos punidos com tempo por se rebelarem e serem contra a imortalidade.
Mas como Zed se rebelou contra Zardoz? Através do conhecimento, a melhor forma de combater uma religião, pois, ao encontrar uma biblioteca e aprender a ler, ele passa a conhecer mais através dos livros. Descobre que Zardoz forçou os brutos para cultivarem trigo para servirem de alimento para Vortex, sendo como escravos para sustentar esta sociedade matriarcal, intelectual, rica e "superiora". Zardoz nada mais é do que uma abreviação de Wizard Of Oz, cuja história era de um homem que amedrontava as pessoas com uma voz grave e uma máscara. Ou seja, cria-se um deus para fortalecê-los, usando e destruindo aqueles de grupos diferentes que vêem tudo como algo normal. Mas além da crítica à religião do exterior, em Vortex coloca-se a ciência como um novo deus, sendo capaz de dar-lhes a imortalidade, mas deixando de lado coisas naturais, como o próprio sexo, o que também acaba sendo prejudicial. 

Em certo momento Zed é disputado pelos apáticos e pelos renegados, para dar vida e morte a estes, respectivamente. Zed acaba recebendo mais conhecimentos em Vortex e percebe, citando Nietzsche, que caçando monstros tornaria-se um deles. Possivelmente o escritor alemão tenha sido inspiração para este filme, pois vê-se a religião como algo perigoso, punindo, criando guerras, sendo contra o sexo, privando prazeres em vida para prometê-los após a morte. Mas também vemos um homem buscando a verdade e matando seu deus.


E no fim, talvez o melhor seja deixar que a vida siga o seu curso, livre de crenças.


Apesar da boa história, o filme acaba sendo um pouco arrastado em alguns momentos, além dos já citados figurinos e efeitos datados, mas no geral é um bom filme, principalmente pela reflexão que nos proporciona e deve ser visto além de sua superfície "tosca", e o considero muito mais como um filme cult do que trash.

O filme foi escrito e dirigido por John Boorman, tendo como orçamento $ 1.000.000.

Minha Nota: 7,5

3 comentários:

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  2. Essa foto de Sean Connery circula na internet a algum tempo e sempre tive curiosidade de saber de qual filme era... Acabou minha curiosidade.
    Tenho que ir atrás desse filme, parece ser bem trash !!!

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    1. Tirando os figurinos a lá cinema turco e os efeitos toscos, é um filme sério e até filosófico.
      Mas achei interessante e vale a pena assistir.

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