
Filme: Videodrome: A síndrome do vídeo (Videodrome)
Diretor: David Cronenberg
Ano: 1983
País: Canadá
Duração: 87 minutos
Elenco: James Woods Deborah Harry Sonja Smits
Videodrome é o oitavo filme (sem contar curtas e produções para a TV) do genial diretor canadense David Cronenberg, que na época ainda fazia filmes de horror e suspense, como por exemplo Calafrios (Shivers, 1976), A Mosca (The Fly, 1986), Gêmeos - Mórbida Semelhança (Dead Ringers, 1988), Scanners (1981), Os Filhos do Medo (The Brood, 1979), entre outros. Cronenberg, além do horror, tenta com seus filmes passar importantes mensagens e críticas, mesmo que de formas bizarras e surreais. Outra característica marcante em sua filmografia é o chamado "body horror", onde são normais ocorrerem mutações nos corpos dos personagens, além de diversas referências ao sexo. Em Videodrome não é diferente, este talvez seja o filme mais surreal, repleto de violência e, possivelmente o meu favorito do diretor.


Em um programa de TV com Max, o professor O'blivion que, como de costume, aparece na TV através da tela de outro aparelho, e Nicki, (Deborah Harry, vocalista do Blondie) que apresenta uma espécie de programa de auto-ajuda em uma estação de rádio, discutem a respeito dos efeitos na sociedade de programas violentos. Nicki, que à primeira vista parece não ser favorável a este tipo de programação, envolve-se com Max e mais tarde mostra-se uma adepta ao sado-masoquismo e interessa-se pelo Videodrome, querendo até mesmo participar do programa.
A filha do professor O'blivion mantém uma espécie de centro para emissão de raios catóditos aos pobres, que já estão dependentes de tais doses de programação televisiva. Algo semelhante a uma igreja onde a televisão é a religião e as pessoas são viciadas e aceitam cegamente tudo que vêm dela.
Neste centro, Max descobre que O'blivion já está morto há algum tempo e é mantido "vivo" por sua filha através de fitas de vídeo. O'blivion conta que foi a primeira vítima do videodrome.
Abaixo algumas falas do professor O'blivion durante o filme:
"A batalha pela mente da América do Norte será travada na arena dos vídeos, o Videodrome. A tela da televisão é a retina da mente. Portanto, a tela da televisão é parte da estrutura física do cérebro. Portanto, o que aparece na tela da televisão surge como pura experiência para aqueles que assistem. Portanto, a televisão é a realidade e a realidade é menos do que a televisão."
"Acho que este desenvolvimento na minha cabeça, esta cabeça, esta aqui, não acredito que seja realmente um tumor, uma forma borbulhante descontrolada de carne, mas que seja, na verdade, um novo órgão, uma nova parte do cérebro. Acho que doses maciças do sinal do Videodrome criarão um novo desenvolvimento do cérebro humano, que produzirá e controlará a alucinação a ponto de mudar a realidade humana. Afinal, não há nada real, além de nossa percepção da realidade."
O nome O'blivion, que significa esquecimento, não é real, apenas um codinome usado nesta "realidade" do vídeo, algo semelhante ao que ocorre muito na internet atualmente.


No final, Max se vê suicidando-se na televisão, coisa que ele repete sem questionar, mostrando a auto-destruição causada pela tecnologia e a forma com que pode nos manipular.
Os ótimos efeitos especiais ficaram a cargo de Rick Baker, um dos melhores especialistas nesta área que também fez filmes desde o trash O Incrível Homem Que Derreteu, a outros como Um Lobisomem Americano em Londres, MIB, O Chamado, entre muitos outros.

Este filme, apesar de ser produzido há 30 anos, mantêm-se atual com a TV e outros meios de comunicação (hoje, em especial a internet), nos despejando informações muitas vezes sem conteúdo, nos tornando dependentes e alienados, e nos fazendo esquecer de pensar e ter uma opinião, já que esperamos receber tudo pronto. Além disto, estes meios tem a capacidade de determinar tendências, comportamentos, modas, tornar as relações menos humanas, nos manipular facilmente e ser uma forte ferramenta de suporte para o capitalismo, com propagandas incitando o consumo, criando necessidades que não tínhamos.
Também não podemos deixar de considerar que estas tecnologias ainda podem ser úteis para ampliar nossos conhecimentos, mas tudo depende de como fazemos uso delas para assim evoluirmos e ao invés de nos auto-destruirmos.
A manipulação constante dos meios de comunicação pode afetar nossa percepção da realidade, assim, este profético filme antecede algo que foi abordado no filme que Cronenberg faria em 1999, eXistenZ, que acabou ofuscado por outro filme que trata do mesmo tema e lançado na mesma época, o Matrix.
Nota IMDb: 7,3
Minha Nota: 9,0
Para mais informações sobre este e muitos outros filmes trash, recomendo que ouçam o PodTrash, com um pessoal que realmente entende do assunto.
Nota IMDb: 7,3
Minha Nota: 9,0
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